Hubble obtém o seu "grande tour" anual pelo Sistema Solar exterior

 Os planetas exteriores do Sistema Solar, da esquerda para a direita: Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno. Os planetas não estão à escala. Crédito: NASA, ESA, A. Simon (Centro de Voo Espacial Goddard) e M.H. Wong (Universidade da Califórnia em Berkeley) e equipe OPAL

O Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA fez as suas impressionantes observações anuais dos planetas gigantes do Sistema Solar, para revelar mudanças atmosféricas. 

O Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA completou a sua "grande tour" do Sistema Solar exterior. Este é o reino dos planetas gigantes - Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno - estendendo-se até 30 vezes a distância entre a Terra e o Sol. Ao contrário dos planetas terrestres e rochosos como a Terra e Marte, situados perto do calor do Sol, estes mundos distantes são compostos principalmente de "sopas" gasosas e frias de hidrogénio, hélio, amónia, metano e outros gases residuais em torno de um núcleo compacto e intensamente quente. 

Embora as naves robóticas já tenham transmitido instantâneos destes quatro planetas gigantes ao longo dos últimos 50 anos, as suas atmosferas giratórias e coloridas mudam constantemente. Cumprindo o papel de um meteorologista, de cada vez que as câmaras nítidas do Hubble revisitam estes mundos, surgem novas surpresas, fornecendo mais informações sobre o clima selvagem, impulsionado por dinâmicas ainda amplamente desconhecidas que ocorrem sob as nuvens. 

Os instantâneos dos planetas exteriores pelo Hubble revelam mudanças extremas e subtis que ocorrem rapidamente nestes mundos distantes. A visão nítida do Hubble reúne informações sobre os fascinantes padrões climáticos e sobre as estações destes gigantes gasosos e permite que os astrónomos investiguem as variáveis muito semelhantes - e muito diferentes - que contribuem para as suas mudanças atmosféricas. 

Júpiter 

As observações de Júpiter, este ano, rastreiam a paisagem em constante mudança na turbulenta atmosfera, onde várias novas tempestades estão a deixar a sua marca. E o equador do planeta mudou de cor mais uma vez. 

A foto de 4 de setembro pelo Hubble mostra a atmosfera tumultuosa do planeta gigante em detalhe máximo. A zona equatorial do planeta é agora de um tom laranja profundo, que os investigadores apelidam de invulgar. Embora o equador já tenha mudado da sua tradicional aparência branca ou bege há alguns anos, os cientistas ficaram surpresos ao encontrar um laranja mais profundo nas imagens recentes do Hubble, quando esperavam que a zona ficasse nublada novamente. 

Logo acima do equador, os cientistas salientam o aparecimento de várias novas tempestades, apelidadas de "barcaças". Estas células vermelhas e alongadas podem ser definidas como vórtices ciclónicos, que variam em aparência. Enquanto algumas das tempestades são nitidamente definidas e claras, outras são difusas e nubladas. Esta diferença na aparência é provocada pelas propriedades físicas dentro das nuvens dos vórtices. 

Os investigadores também observaram que uma característica chamada "Mancha Vermelha Júnior" (Oval BA), por baixo da Grande Mancha Vermelha onde o Hubble acabou de descobrir que os ventos estão a aumentar de velocidade, ainda tem uma cor bege mais escura e é acompanhada por várias tempestades ciclónicas brancas adicionais para sul. 

As vistas nítidas de Júpiter de 2020, pelo Hubble, foram dos lançamentos fotográficos mais populares até ao momento da ESA/Hubble. 

Saturno 

O novo olhar a Saturno, de dia 12 de setembro de 2021, mostra mudanças de cor rápidas e extremas nas bandas do hemisfério norte do planeta, onde agora é o início do outono. As bandas variaram ao longo das observações do Hubble em 2019 e 2020. A imagem de Saturno, pelo Hubble, captura o planeta após o inverno no hemisfério sul, evidente na tonalidade azulada do polo sul. 

Úrano 

A imagem de Úrano de 25 de outubro, pelo Hubble, coloca em destaque a brilhante região polar norte do planeta. É primavera no hemisfério norte e o aumento da radiação ultravioleta oriunda do Sol parece estar a provocar o aumento do brilho polar. Os investigadores não sabem ao certo porquê. Pode ser uma mudança na opacidade do metano atmosférico ou alguma variação nas partículas aerossóis. Curiosamente, mesmo quando esta região atmosférica fica mais brilhante, o limite extremo sul permanece à mesma latitude. Isto tem sido constante ao longo dos últimos anos de observações pelo Hubble. Talvez algum tipo de corrente esteja a criar uma barreira naquela latitude de 43 graus. 

Neptuno 

Em observações feitas no dia 7 de setembro de 2021, os investigadores descobriram que a mancha escura de Neptuno, que se revelou recentemente ter invertido curso em direção ao equador, ainda é visível nesta imagem, juntamente com um hemisfério norte escurecido. Ainda há um notável círculo escuro e alongado envolvendo o polo sul de Neptuno. A cor azul de Neptuno e de Úrano é um resultado da absorção da luz vermelha pelas atmosferas ricas em metano dos planetas, combinada com o mesmo efeito de dispersão de Rayleigh que torna o céu da Terra azul. 

Notas 

Estas novas imagens do Hubble fazem parte de mapas anuais dos planetas obtidos pelo programa OPAL (Outer Planets Atmospheres Legacy), que fornece visualizações globais dos planetas externos a fim de procurar mudanças nas suas tempestades, ventos e nuvens.

Fonte: ccvalg.pt

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