Nova técnica revela a idade de estrela do Cruzeiro do Sul
Uma equipe internacional de astrónomos da Austrália, dos EUA e da
Europa desbloqueou pela primeira vez a estrutura interna de Beta Crucis - uma
brilhante estrela gigante azul que aparece nas bandeiras da Austrália, do
Brasil, da Nova Zelândia, Papua Nova Guiné e Samoa. Com uma abordagem inteiramente nova, a equipe liderada pelo Dr. Daniel
Cotton descobriu que a estrela tem 14,5 vezes a massa do Sol e apenas 11
milhões de anos, o que a torna a estrela mais massiva a ter a sua idade
determinada através de asterosismologia.
As descobertas vão fornecer novos detalhes sobre como as estrelas
vivem, como morrem e como afetam a evolução química da Galáxia.
Para decifrar a idade e a massa da estrela, a equipa de investigação
combinou a asterosismologia, o estudo dos movimentos regulares de uma estrela,
com polarimetria, a medição da orientação das ondas de luz. A asterosismologia baseia-se em ondas sísmicas que saltam em torno do
interior de uma estrela e que produzem mudanças mensuráveis na sua luz. O
estudo dos interiores de estrelas massivas, que mais tarde explodirão como
supernovas, tem sido tradicionalmente difícil.
"Eu queria investigar uma ideia antiga," disse o autor principal
Dr. Cotton, da Universidade Nacional Australiana e do Instituto Monterey para
Pesquisa em Astronomia nos EUA.
O professor Jeremy Bailey, coautor do estudo e da Universidade de Nova
Gales do Sul, disse: "O tamanho do efeito é muito pequeno. Para que o
projeto fosse bem-sucedido, precisávamos que o polarímetro que construímos
tivesse a melhor precisão do mundo."
O estudo de Beta Crucis, também conhecida como Mimosa, combina três
tipos diferentes de medições da sua luz: medições espaciais da intensidade da
sua luz, obtidas pelos satélites WIRE (Wide-Field Infrared Explorer) e TESS
(Transiting Exoplanet Survey Satellite) da NASA, 13 anos de espectroscopia
terrestre de alta resolução do ESO e polarimetria obtida no solo pelo
Observatório Siding Spring e pelo Observatório Penrith.
"Foi por sorte que conseguimos usar o polarímetro astronómico mais
preciso do mundo para fazer tantas observações de Mimosa no Telescópio
Anglo-Australiano enquanto o TESS também observava a estrela," disse o
segundo autor, o professor Derek Buzasi da Universidade da Costa do Golfo da
Flórida.
"A análise dos três tipos de dados de longo prazo, juntos,
permitiu-nos identificar as geometrias de modo dominante de Mimosa. Isto abriu
caminho para 'pesar' e datar a idade da estrela usando métodos sísmicos."
A professora Conny Aerts, da Universidade Católica de Leuven, Bélgica,
disse: "Este estudo polarimétrico de Mimosa abre um novo caminho para a
asterosismologia de estrelas massivas brilhantes. Embora estas estrelas sejam
as fábricas químicas mais produtivas da nossa Galáxia, até agora são as menos
analisadas asterosismicamente, dado o grau de dificuldade de tais estudos. Os
esforços heroicos dos polarimetristas australianos devem ser admirados."
Fonte: ccvalg.pt
Comentários
Postar um comentário
Se você achou interessante essa postagem deixe seu comentario!