Buraco negro isolado pode ter sido identificado pela primeira vez
Descoberta foi feita pelo Telescópio Espacial Hubble, após seis anos de observações
O buraco negro recém-detectado fica a cerca de 5.000 anos-luz de
distância, no braço espiral Carina-Sagitário, da nossa galáxia (Foto: NASA,
ESA, B. Welch (JHU), D. Coe (STScI), A. Pagan (STScI))
Os astrônomos estimam que 100 milhões de buracos negros vagam entre as
estrelas da Via Láctea, mas nunca identificaram conclusivamente um buraco negro
isolado. Ao menos, até agora. Após seis anos de observações meticulosas, o
Telescópio Espacial Hubble, da NASA/ESA, forneceu, pela primeira vez,
evidências diretas de um buraco negro solitário. A identificação foi feita por
uma medição precisa da massa do objeto fantasma.
O buraco negro recém-detectado fica a cerca de 5.000 anos-luz de
distância, no braço espiral Carina-Sagitário, da nossa galáxia. Segundo
comunicado para a imprensa, a análise dos dados permite ainda que os astrônomos
estimem que um buraco negro de massa estelar isolado exista bem mais próximo da
Terra, a cerca de 80 anos-luz de distância.
Para a identificação do burcado negro isolado, duas equipes usaram
dados do Hubble em suas investigações – uma liderada por Kailash Sahu, do Space
Telescope Science Institute em Baltimore, Maryland; e o outro por Casey Lam, da
Universidade da Califórnia, Berkeley. Os resultados das equipes diferem um
pouco, mas ambos sugerem a presença de um objeto compacto.
A equipe de Lam é mais cautelosa, relata uma faixa de massa
ligeiramente menor do que a identificada por Sahu, o que significa que o objeto
pode ser uma estrela de nêutrons ou um buraco negro. Eles estimam que a massa
do objeto está entre 1,6 e 4,4 vezes a massa do Sol. Na extremidade superior
dessa faixa, o objeto seria um buraco negro; mas na extremidade inferior, seria
uma estrela de nêutrons.
"Por mais que queiramos dizer que é definitivamente um buraco
negro, devemos relatar todas as soluções permitidas. Isso inclui tanto buracos
negros de menor massa quanto uma estrela de nêutrons", disse Jessica Lu,
da equipe de Berkeley.
“Seja o que for, o objeto é o primeiro remanescente estelar escuro
descoberto vagando pela galáxia, desacompanhado de outra estrela”, acrescentou
Lam.
Sahu, por sua vez, destaca que esta foi uma medição particularmente
difícil para a equipe, pois há outra estrela brilhante que está extremamente
próxima da estrela de origem. “É como tentar medir o pequeno movimento de um
vaga-lume ao lado de uma lâmpada brilhante”, explica. “Tivemos que subtrair
meticulosamente a luz da estrela brilhante próxima para medir com precisão a
deflexão da fonte fraca.”, completa
Em geral, os telescópios não conseguem fotografar um buraco negro, já
que ele não emite luz. No entanto, um buraco negro distorce o espaço, que então
desvia e amplifica a luz das estrelas e de qualquer coisa que, momentaneamente,
se alinha exatamente atrás desse buraco. Foi o que os cientistas identificaram
nesse caso.
Quando o buraco negro passou na frente de uma estrela de fundo
localizada a 19.000 anos-luz de distância no bojo galáctico, a luz estelar que
vinha em direção à Terra foi amplificada por uma duração de 270 dias. No
entanto, entre a identificação dessa luz extrelar e a medição do burcao negro
foram necessários vários anos de observações do Hubble para de fato acompanhar
se a posição da estrela de fundo parecia ser desviada pela curvatura da luz do
buraco negro localizado em primeiro plano.
Hoje, a equipe de Sahu estima que o buraco negro isolado está viajando
pela galáxia a 160.000 quilômetros por hora (rápido o suficiente para viajar da
Terra à Lua em menos de três horas). Isso é mais rápido do que a maioria das
outras estrelas vizinhas nessa região da nossa galáxia.
Os buracos negros que vagam pela na Via Láctea nascem de estrelas raras
que são pelo menos 20 vezes mais massivas que o nosso Sol. Essas estrelas
explodem como supernovas, e o núcleo remanescente é esmagado pela gravidade em
um buraco negro.
Fonte: Galileu
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