Com 1,5 milhão de anos, exoplaneta pode ser o mais jovem da Via Láctea
Astro recém-nascido que orbita estrela localizada a cerca de 395 anos-luz da Terra estaria cercado por um disco circumplanetário, onde se formam luas e objetos rochosos
Impressão artística do disco circumplanetário descoberto em 2021 em torno de um planeta jovem no sistema estelar PDS 70 (Foto: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), S. Dagnello (NRAO/AUI/NSF))
Astrônomos estudavam AS 209, uma jovem estrela a cerca de 395 anos-luz
da Terra, quando encontraram sinais de um exoplaneta com apenas 1,5 milhão de
anos. Pode parecer bastante, mas sua idade é muito pouco em termos
astronômicos, o que torna o possível astro um dos planetas mais jovens já
encontrados — e possivelmente o mais novo da nossa galáxia.
Realizada com o rádio-observatório Atacama Large
Millimeter/submillimeter Array (ALMA), no Chile, a descoberta foi publicada em
27 de julho no periódico The Astrophysical Journal Letters. Enquanto observavam
AS 209, os pesquisadores viram uma bolha de luz no meio de uma lacuna no gás ao
redor da estrela. Isso levou a outro feito surpreendente: a primeira detecção
já feita de um disco circumplanetário.
A descoberta é apenas a terceira detecção confirmada de uma dessas
acumulações de matéria. Discos circumplanetários são como “fábricas” de luas e
outros pequenos objetos rochosos que controlam o crescimento de planetas jovens
e gigantes. Eles são formados pelo acúmulo de gás, poeira e detritos ao redor
de astros recentes.
A jovem estrela AS 209 na constelação de Ophiuchus que os cientistas determinaram agora que hospeda o que pode ser um dos exoplanetas mais jovens de todos (Foto: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), A. Sierra (U. Chile))
Seus estágios iniciais podem ajudar a entender a formação do Sistema
Solar. Isso inclui uma possível explicação para as origens das luas galileanas
de Júpiter, que os cientistas acreditam ter se formado em um desses depósitos
poeirentos há cerca de 4,5 bilhões de anos.
O exoplaneta cercado pelo disco circumplanetário é como um
"recém-nascido" embalado nos braços de sua estrela AS 209, na
constelação de Ophiuchus. Ele é tão jovem que seus blocos de construção de gás
e poeira ainda estão se unindo. “É como olhar para o nosso próprio passado”,
diz Myriam Benisty, astrônoma do Instituto de Planetologia e Astrofísica de
Grenoble, na França, e coautora do estudo, ao The New York Times.
O jovem astro, contudo, está bem longe de sua estrela-mãe, a quase 30
bilhões de quilômetros de distância. Tal fato intrigante desafia as teorias
aceitas atualmente sobre a formação de planetas. Em comparação, Netuno, o
planeta mais externo do Sistema Solar, fica bem mais próximo do Sol: a cerca de
4,5 bilhões de quilômetros.
“A melhor maneira de estudar a formação de planetas é observá-los
enquanto eles estão se formando. Estamos vivendo um momento muito emocionante
em que isso acontece graças a telescópios poderosos, como o ALMA e o Telescópio
James Webb”, comenta Jaehan Bae, professor de astronomia da Universidade da
Flórida, nos EUA, e principal autor do artigo, em comunicado.
Segundo revelou Bae ao The New York Times, o James Webb determinará a
massa do planeta recém-nascido e estudará sua química atmosférica. Ao detalhar
um dos mundos mais jovens conhecidos, as observações do telescópio mais
poderoso de todos os tempos nos aproximarão de responder à pergunta existencial
mais primordial: "de onde viemos?".
Fonte: Galileu
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