A Via Láctea está 'ondulando' como um lago, e os cientistas podem finalmente saber por que
Imagine
as 100 bilhões de estrelas da Via Láctea como uma piscina plana e tranquila de
água. Agora, imagine alguém jogando uma pedra do tamanho de 400 milhões de sóis
naquela água. A tranquilidade está quebrada. Onda após onda de energia ondula
pela superfície da galáxia, sacudindo e saltando suas estrelas em uma dança
caótica que leva éons para se acalmar.
Os
astrônomos suspeitam que algo assim pode ter realmente acontecido - não apenas
uma vez, mas várias vezes nos últimos bilhões de anos.
Em
um novo artigo publicado em 15 de setembro nos Avisos Mensais da Sociedade
Astronômica Real(abre em nova aba), pesquisadores explicam como uma
mini-galáxia próxima - a galáxia anã de Sagitário - parece ter caído através da
Via Láctea em pelo menos duas ocasiões distintas, fazendo com que estrelas ao
redor da galáxia oscilassem misteriosamente em velocidades diferentes.
Usando
dados do observatório espacial Gaia da Agência Espacial Europeia, pesquisadores
compararam os movimentos de mais de 20 milhões de estrelas localizadas em toda
a Via Láctea, mas particularmente nas regiões externas do disco da galáxia. Os
dados revelaram uma misteriosa onda, ou vibração, que parecia estar sacudindo
estrelas por toda a galáxia.
"Podemos
ver que essas estrelas oscilam e se movem para cima e para baixo em velocidades
diferentes", disse paul McMillan, astrônomo da Universidade de Lund, na
Suécia, em uma declaração traduzida(abre em nova aba).
Através
de um processo que os pesquisadores equipararam à "sismologia
galáctica", a equipe modelou um padrão de onda que poderia explicar o
estranho efeito de ondulação que colocava as estrelas da Via Láctea fora do
forno. Eles concluíram que as ondulações provavelmente foram lançadas centenas
de milhões de anos atrás, quando a galáxia anã de Sagitário passou pela última
vez por nossa galáxia - "um pouco como quando uma pedra é lançada em um lago",
disse McMillan. Parece provável que uma segunda colisão ainda mais cedo entre
as duas galáxias também ocorreu, acrescentaram os pesquisadores.
Estudos
prévios(abre em nova aba) sugeriram que uma colisão antiga com Sagitário pode
ter detonado ondulações no centro da Via Láctea, mas esta nova pesquisa é a
primeira a mostrar que essas ondulações se estenderam até a borda do disco da
galáxia, perturbando estrelas a cada passo do caminho. Esta nova pesquisa deve
ajudar a juntar a longa e violenta história de nossa galáxia e seu vizinho
menor, escreveram os pesquisadores.
Hoje,
estima-se que a galáxia anã de Sagitário seja cerca de 400 vezes a massa do sol
da Terra — um mero camarão comparado com a massa estimada da Via Láctea de 1,5
trilhão de sóis. Os cientistas suspeitam que Sagitário já foi muito maior, mas
perdeu até 20% de sua massa para nossa galáxia após repetidas colisões nos
últimos bilhões de anos.
Essas
colisões provavelmente mudaram a forma e o tamanho de nossa galáxia também; um
estudo de 2011 sugeriu que o braço em espiral da Via Láctea é o resultado de
duas colisões(abre em nova aba) com a galáxia anã de Sagitário. Outro estudo de
dados de Gaia divulgado em 2020 sugeriu que acidentes cósmicos entre nossa
galáxia e Sagitário desencadearam baby booms(abre em nova aba) de novas
estrelas na Via Láctea cada vez que as duas galáxias se encontravam.
Fonte: space.com
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