InSight da NASA à espera que tempestade de poeira se dissipe
A missão InSight da NASA, que se espera que termine num futuro próximo, viu uma queda recente na energia gerada pelos seus painéis solares à medida que uma tempestade de poeira do tamanho de um continente gira sobre o hemisfério sul de Marte. Observada pela primeira vez no dia 21 de setembro de 2022, pela sonda MRO (Mars Reconnaissance Orbiter) da NASA, a tempestade está a cerca de 3500 quilómetros do módulo InSight e teve inicialmente pouco impacto no "lander".
O "lander" InSight da NASA captou esta "selfie" final a 24 de abril de 2022, o 1211.º dia marciano, ou sol, da missão. O módulo de aterragem está coberto de muito mais poeira do que estava na sua primeira "selfie", tirada em dezembro de 2018, pouco tempo depois da aterragem - ou na sua segunda "selfie", composta de imagens tiradas em março e abril de 2019. Crédito: NASA/JPL-Caltech
A
missão monitoriza cuidadosamente o nível de energia do "lander", que
tem vindo a diminuir à medida que a poeira se acumula nos seus painéis solares.
Na segunda-feira, 3 de outubro, a tempestade tinha crescido o suficiente e
estava a acumular tanta poeira que a espessura da neblina poeirenta na
atmosfera marciana tinha aumentado em quase 40% em torno do InSight. Com menos
luz solar a atingir os painéis do "lander", a sua energia caiu de 425
watt-hora por dia marciano, ou sol, para apenas 275 watt-hora por sol.
O
sismómetro do InSight tem estado a funcionar cerca de 24 horas dia marciano
sim, dia marciano não. Mas a queda na energia solar não deixa alimentação
suficiente para carregar completamente as baterias a cada sol. Ao ritmo atual
de descarga, o "lander" só poderia operar durante algumas semanas.
Assim, para conservar energia, a missão vai desligar o sismómetro do InSight
durante as próximas duas semanas.
"Estávamos
mais ou menos no degrau inferior da nossa escada no que toca à energia. Agora
estamos no chão", disse o gestor do projeto InSight, Chuck Scott, do JPL
da NASA no sul da Califórnia, EUA. "Se conseguirmos sobreviver a isto,
podemos continuar a operar no inverno - mas eu preocupar-me-ia com a próxima
tempestade que surgir".
A
equipa tinha estimado que a missão do InSight iria terminar algures entre o
final de outubro deste ano e janeiro de 2023, com base em previsões de quanto a
poeira nos seus painéis solares irá reduzir a sua produção de energia. Desde há
muito tempo que o "lander" ultrapassou a sua missão principal e está
agora perto do fim da sua missão alargada, realizando "ciência bónus"
ao medir sismos marcianos, que revelam detalhes sobre o interior profundo do
Planeta Vermelho.
O estudo das tempestades marcianas
As nuvens beges vistas neste mapa global de Marte são uma tempestade de poeira do tamanho de um continente, capturadas no dia 29 de setembro de 2022, pelo MCS (Mars Climate Sounder) a bordo da Mars Reconnaissance Orbiter da NASA. As missões Perseverance, Curiosity e InSight da NASA estão rotuladas, mostrando as vastas distâncias entre elas. Crédito: NASA/JPL-Caltech/MSSS
Há
sinais de que esta grande tempestade regional atingiu o seu pico e entrou na
sua fase de dissipação: o instrumento MCS (Mars Climate Sounder) da MRO, que
mede o aquecimento provocado pela absorção de luz solar pela poeira, vê o
crescimento da tempestade a abrandar. E as nuvens que levantam poeira,
observadas em imagens do MARCI (Mars Color Imager) do mesmo orbitador - que
cria diariamente mapas globais do Planeta Vermelho e foi o primeiro instrumento
a detetar a tempestade - não estão a crescer tão rapidamente como antes.
Esta
tempestade regional não é uma surpresa: é a terceira tempestade do seu género
que foi vista este ano. De facto, as tempestades de poeira de Marte ocorrem em
todas as épocas do ano marciano, embora mais delas - e maiores - ocorram
durante o outono e inverno no hemisfério norte, que está a chegar ao fim.
As
tempestades marcianas de poeira não são tão violentas ou dramáticas como
Hollywood as retrata. Embora os ventos possam soprar até 97 km/h, o ar marciano
é suficientemente fino para ter apenas uma fração da força das tempestades na
Terra. Na sua maioria, as tempestades criam "bagunça": atiram poeira
para a atmosfera, que desce lentamente, por vezes demorando semanas.
Em
raras ocasiões, os cientistas têm visto tempestades de poeira a crescer para
eventos globais, que cobrem quase todo o planeta Marte. Uma destas tempestades
de poeira de tamanho planetário acabou com a missão do rover Opportunity da
NASA em 2018.
Por
serem movidos a energia nuclear, os rovers Curiosity e Perseverance da NASA não
têm com que se preocupar em termos de uma tempestade de poeira que afeta a sua
energia. Mas o helicóptero Ingenuity é movido a energia solar e tem notado o
aumento global da neblina de fundo.
Além
de monitorizar tempestades para a segurança das missões da NASA na superfície
marciana, a MRO passou 17 anos a recolher dados inestimáveis sobre como e
porque é que estas tempestades se formam. "Estamos a tentar captar os padrões
destas tempestades para podermos melhor prever quando estão prestes a
acontecer", disse Zurek. "Aprendemos mais sobre a atmosfera de Marte
com cada uma delas que observamos".
Fonte:
Astronomia OnLine
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