NASA testa conceito de nave que se esborracha no chão
Pouso sem controle
A
NASA já aterrissou com sucesso nove naves em Marte, contando para isso com
paraquedas de última geração, airbags gigantes e até um complicado guindaste
espacial, para que as naves pousassem suavemente na superfície, sem danos.
Agora
os engenheiros estão testando se não dá para chegar à superfície marciana
simplesmente caindo direto no chão.
Este
é o objetivo do projeto de aterrissagem experimental SHIELD, ou escudo - o nome
é na verdade uma sigla para Simplified High Impact Energy Landing Device, ou
dispositivo de aterrissagem de energia de alto impacto simplificado.
Em
vez de desacelerar a descida de alta velocidade de uma espaçonave, o escudo
antichoque conta com uma base que é um atenuador deformável. Semelhante a um
acordeom, a estrutura, em formato de pirâmide invertida feita de anéis de
metal, atua como zona de deformação, absorvendo a energia do impacto no solo.
Novos destinos
Se
funcionar, isso pode significar uma redução drástica no custo da exploração
marciana, do lançamento ao pouso, já que seria dispensado todo o pesado aparato
hoje usado para a descida suave.
E,
embora não seja aplicável a qualquer tipo de missão - um rover dificilmente
seria candidato a usar o escudo -, essa técnica simplificada pode permitir a
ampliação dos locais de pouso de sondas menores.
"Achamos
que poderíamos ir para áreas mais traiçoeiras, onde não gostaríamos de tentar
colocar um rover de bilhões de dólares com nossos atuais sistemas de
pouso," disse Lou Giersch, gerente do projeto. "Talvez possamos até
pousar vários deles em diferentes locais de difícil acesso para construir uma
rede."
Dos acidentes de carro aos pousos em Marte
Os
engenheiros da NASA foram buscar inspiração para seu aparato antichoque nos
sistemas de proteção dos automóveis, que hoje são construídos não apenas com
para-choques, mas com um complexo sistema de deformação, projetado para
minimizar a transferência do impacto para a cabine de passageiros.
Neste
caso, como não há a intenção de jogar um astronauta no solo de outro planeta
sem paraquedas, um dos principais objetivos do projeto é verificar se o escudo
antiqueda da nave oferecerá um amortecimento suficiente para proteger os
sensíveis equipamentos eletrônicos e científicos que integram a sonda espacial.
Os primeiros testes estão sendo feitos na torre de queda livre do Laboratório de Propulsão a Jato, que mede 27 metros. Uma torre de queda livre é projetada para simular a ausência de gravidade, trocando as caras idas ao espaço por alguns segundos de microgravidade conforme um elevador cai torre abaixo, anulando a gravidade em seu interior. Mas também dá para controlar a velocidade da queda, como foi o caso neste teste.
"Os
testes que fizemos para a SHIELD são como uma versão vertical dos testes de
trenó. Mas, em vez de uma parede, a parada repentina é devido a um impacto no
solo," contou Velibor Cormarkovic, membro da equipe, ele próprio egresso
da indústria automobilística, onde trabalhava nos testes de impacto dos carros
- o trenó a que ele se refere é um sistema de propulsão usado para arremessar
os carros contra uma parede, poste, outro veículo etc.
Caiu e não quebrou
O
protótipo atingiu o solo a 177 km/h, exatamente a velocidade que um módulo de
pouso em Marte atinge perto da superfície, depois de ser desacelerado pelo
arrasto atmosférico de sua velocidade inicial de 23.300 km/h quando entra na
atmosfera do planeta.
Testes
anteriores do atenuador de impacto haviam sido feitos usando uma zona de pouso
de terra, mas desta vez, para fazer o teste final, a equipe colocou uma placa
de aço de 5 centímetros de espessura no chão, criando um pouso mais difícil do
que uma espaçonave experimentaria em Marte, para checar as tolerâncias da
tecnologia.
O
acelerômetro a bordo mostrou que o protótipo Shield caiu com uma força de cerca
de 1 milhão de newtons - comparável a 112 toneladas colidindo contra ele.
O
protótipo caiu com uma pequena angulação, então saltou cerca de 1 metro no ar e
voltou capotando para o chão. A equipe suspeita que a placa de aço tenha
causado o rebote, já que nos testes anteriores nunca havia sido observado esse
salto.
Ao
abrir o protótipo e recuperar a carga eletrônica simulada, a equipe descobriu
que todos os aparelhos a bordo - um celular, um rádio e o próprio acelerômetro
- sobreviveram.
"O
único hardware que foi danificado foram alguns componentes de plástico, com os
quais não estávamos preocupados. No geral, este teste foi um sucesso,"
disse Giersch.
A
seguir, a equipe passará cerca de um ano projetando uma nave que já nasça
pronta para usar esse sistema de aterrissagem.
Fonte: Inovação Tecnológica
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