Decifradas ondas misteriosas que pareciam atravessar magnetosfera da Terra
Choque e choque posterior
Quando o vento solar atinge a Terra, ele se depara com nosso escudo protetor, representado pela nossa magnetosfera.
As
ondas do pós-choque são as que rebatem no arco de choque da magnetosfera e
retornam, provocando uma complexa interação entre si e com as ondas que
continuam chegando. [Imagem: Lucile Turc]
Nosso
escudo magnético tem duas regiões conhecidas principais, chamadas de arco de
choque (bowl shock) e pós-choque (foreshock).
Essas
ondas já foram bem documentadas e até captadas na forma de som - elas
desempenham um papel importante no clima espacial, podendo, por exemplo,
acelerar partículas a altas energias, o que pode danificar a eletrônica dos
satélites artificiais ou atrapalhar as comunicações via rádio.
O
problema é que, quando as ondas são medidas depois do arco de choque, no
pós-choque, muitas delas parecem ter chegado lá intactas, sem nenhuma
interferência das duas regiões. O enigma é como essas ondas misteriosas parecem
sobreviver à jornada pela turbulenta região magnética da Terra.
"Como
as ondas sobrevivem passando pelo choque é um mistério que permanece desde que
as ondas foram descobertas pela primeira vez, na década de 1970," conta
Lucile Turc, da Universidade de Helsinque, na Finlândia.
Mas
a equipe da professora Turc acredita ter uma boa resposta para esse enigma: A
teoria dos anos 1970 estava incorreta.
Ondas filhas
Ondas
eletromagnéticas, que aparecem como pequenas oscilações do campo magnético da
Terra, são frequentemente registradas por observatórios científicos no espaço e
no solo. Essas ondas podem ser causadas pelo impacto do vento solar, sempre
variável, ou virem de fora da magnetosfera.
Do
lado da Terra voltado para o Sol, os observatórios frequentemente registram
oscilações no mesmo período daquelas ondas que se formam à frente da
magnetosfera da Terra, na região do pós-choque. Tudo indicava serem as mesmas
ondas, mas como elas poderiam atravessar as barreiras magnéticas da Terra sem
serem alteradas?
"Eventualmente,
ficou claro que as coisas eram muito mais complicadas do que pareciam. As ondas
que vimos por trás do choque não eram as mesmas do pós-choque, mas novas ondas
criadas no arco de choque pelo impacto periódico das ondas do pós-choque,"
disse Turc.
O
que a equipe descobriu é que, quando o vento solar flui através do arco de
choque, ele é comprimido e aquecido, em intensidades que dependem da força do
choque. O que ocorre é que as ondas do pós-choque alteram a barreira magnética
do arco de choque, tornando-o ou mais forte ou mais fraco conforme os vales ou
as cristas das ondas o atingem.
Como
resultado, o vento solar por trás do arco de choque muda periodicamente e cria
novas ondas, em conformidade com as ondas do pós-choque. Ou seja, o que
pareciam ser as mesmas ondas, são na verdade novas ondas, que surgem com as
mesmas características daquelas que as estão gerando.
A
equipe também demonstrou que essas ondas só podem ser detectadas em uma região
estreita atrás do arco de choque, e que elas podem ficar facilmente camufladas
pela turbulência nessa região. Isso provavelmente explica a longevidade do
enigma.
Fonte: Inovação Tecnológica
Comentários
Postar um comentário
Se você achou interessante essa postagem deixe seu comentario!