Sistemas planetários parecem vir em quatro sabores
Variedade cósmica - Até pouco mais de uma década atrás, tudo o que conhecíamos de sistemas planetários era o nosso próprio Sistema Solar. Assim, desenvolvemos nossas teorias e nossa compreensão da formação dos planetas com base no que tínhamos para observar.
Astrônomos estão propondo quatro classes de arquitetura dos sistemas planetários. [Imagem: NCCR PlanetS/Tobias Stierli]
Vieram
então o telescópio espacial Kepler e seus sucessores, bem como uma nova geração
de tecnologias implantadas nos telescópios baseados em terra, permitindo mapear
pela primeira vez outros sistemas. E a realidade se mostrou muito mais rica do
que a imaginação mais fértil.
Estamos
acostumados com a ordem do nosso Sistema Solar, com os planetas rochosos
menores, como Vênus, Terra e Marte, orbitando relativamente perto da nossa
estrela, enquanto os grandes gigantes de gás e gelo, como Júpiter, Saturno e
Netuno, movem-se longe do Sol, em órbitas amplas.
Mas
o que os dados observacionais mostram é que este quadro tão familiar é muito
raro no Universo. Por isso, os astrônomos estão propondo quatro classes de
sistemas planetários.
Classes de sistemas planetários
Em um primeiro esforço para tentar resumir
o que já vimos, Lokesh Mishra e colegas das universidades de Berna e Genebra,
na Suíça, estão propondo uma classificação dos sistemas planetários com base na
distribuição dos tipos de planetas em torno das estrelas.
"Nós
chamamos essas quatro classes de 'similares', 'ordenadas', 'antiordenadas' e
'mistas'," disse Mishra.
Os
sistemas planetários nos quais as massas dos planetas adjacentes ou próximos
são semelhantes entre si, enquadram-se na arquitetura similar. Sistemas planetários
ordenados são aqueles em que a massa dos planetas tende a aumentar com a
distância da estrela - assim como em nosso Sistema Solar. Se, por outro lado, a
massa dos planetas diminui aproximadamente com a distância da estrela, esta é
uma arquitetura antiordenada. E arquiteturas mistas ocorrem quando as massas
planetárias em um sistema variam muito de planeta para planeta.
Futuras observações testarão se a classificação é válida ou não. [Imagem: NCCR PlanetS/Tobias Stierli]
"Esta estrutura também pode ser aplicada a quaisquer outras medições, como raio, densidade ou frações de água", disse Yann Alibert, membro da equipe. "Agora, pela primeira vez, temos uma ferramenta para estudar os sistemas planetários como um todo e compará-los com outros sistemas."
Sistema Solar é raro
O que mais surpreendeu quando a equipe
revisou os dados foi que a arquitetura "ordenada" - aquela à qual
pertence nosso Sistema Solar - parece ser a classe mais rara de sistemas
planetários.
"Nossos
resultados mostram que sistemas planetários 'similares' são o tipo mais comum
de arquitetura. Cerca de oito em cada dez sistemas planetários em torno de
estrelas visíveis no céu noturno têm uma arquitetura 'similar'," contou
Mishra. "Isso também explica por que evidências dessa arquitetura foram
encontradas logo nos primeiros meses da missão Kepler."
Isso
tem uma implicação direta sobre as teorias de formação planetária, quando os
planetas emergem da massa de poeira e gás que resta da formação da estrela.
"A
partir de discos e estrelas bastante pequenos e de baixa massa, com poucos
elementos pesados, surgem sistemas planetários 'similares'. Discos grandes e
maciços, com muitos elementos pesados na estrela, dão origem mais a sistemas
ordenados e antiordenados. Sistemas mistos emergem de discos de tamanho médio. Interações
dinâmicas entre planetas - como colisões ou ejeções - influenciam a arquitetura
final," explicou Mishra.
Agora
é esperar pelo acúmulo de novos dados observacionais, para checar se a
classificação se sustenta conforme nos distanciamos do nosso quintal na Via
Láctea.
Fonte: Inovação Tecnológica
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