Novos planetas na vizinhança

Um consórcio de caça a planetas está marcando cinco anos de sucesso ao divulgar dados sobre mais de 50 mundos.

Representação dos exoplanetas descobertos pelo consórcio CARMENES (Imagem: Reprodução/Institut d'Estudis Espacials de Catalunya (IEEC)) 

Os membros do projeto CARMENES acabam de publicar o primeiro conjunto de dados. Após cinco anos de coleta de medidas da luz de mais de 300 estrelas, os astrônomos que participam da iniciativa anunciaram a descoberta de 59 exoplanetas. Em meio a este total, 33 são mundos novos, que se somam a 26 já confirmados a partir de estudos anteriores. O projeto realizou também novas análises de 17 exoplanetas já conhecidos.

Todos os exoplanetas ficam a até 65 anos-luz da Terra, ou seja, estão relativamente próximos. Eles orbitam estrelas anãs vermelhas e seis foram descritos como “potencialmente habitáveis”, o que significa que são rochosos e que podem ter água no estado líquido na superfície.

O projeto CARMENES foca na procura de exoplanetas rochosos e parecidos com a Terra. Para isso, a iniciativa trabalha com o instrumento homônimo instalado no observatório Calar Alto, na Espanha, que contém dois espectrógrafos. Eles coletam dados da luz visível e em comprimentos de onda do infravermelho.

As observações foram realizadas entre 2016 e 2020, e renderam a descoberta de mundos bastante variados: entre eles, há seis exoplanetas semelhantes a Júpiter, com mais de 50 vezes a massa da Terra, e 10 parecidos com Netuno, que apresentam de 10 a 50 vezes a massa do planeta do Sistema Solar.

Ainda, há 43 planetas de massa semelhantes à da Terra e "superterras", nome dado àqueles com até 10 massas terrestres. Segundo os autores, pelo menos oito das superterras e dos planetas parecidos com o nosso estão na zona habitável de suas estrelas.

Os pontos acinzentados representam os exoplanetas descobertos pelo mesmo método usado pelo CARMENES, mas com outros instrumentos. O eixo vertical mostra o tipo das estrelas orbitadas, das menores e mais frias às maiores e mais quentes; já o eixo horizontal indica a distância do planeta à sua estrela através do tempo que leva para orbitá-la. Por fim, os planetas na zona habitável de suas estrelas aparecem na área azulada.

Com os novos dados, os pesquisadores podem calcular a frequência com que estrelas ocorrem acompanhadas de planetas. “Descobrimos uma taxa de ocorrência de 1,4 planeta por estrela, que nunca foi determinada antes com precisão tão alta para estrelas de baixa massa, com a técnica da velocidade radial”, observou Ignasi Ribas, cientista do projeto.

Para confirmar os exoplanetas com a maior precisão possível, o instrumento CARMENES realiza pelo menos 50 novas observações das mesmas estrelas “Desde quando entrou em operação, o CARMENES analisou novamente 17 exoplanetas conhecidos, e descobriu e confirmou 59 novos exoplanetas nas proximidades do Sistema Solar”, disse ele.

Nesta primeira leva de dados, os pesquisadores publicaram os resultados obtidos a partir da luz visível. Ainda há dados em processamento, e uma nova publicação será feita com os resultados da luz infravermelha.

O artigo que descreve as descobertas foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics.

Fonte: skyandtelescope.org

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