Expansão do universo pode ser ilusão, aponta estudo
Novo modelo propõe que Einstein poderia ter estado correto em sua ideia original de um universo plano e estático, antes da introdução da chamada constante cosmológica
Concepção artística da evolução do
universo, começando com o Big Bang (à esquerda), seguido pelo aparecimento da
radiação cósmica de fundo. A formação das primeiras estrelas termina a idade
das trevas cósmica, seguida pela formação de galáxias. Crédito: M.
Weiss/Harvard-Smithsonian CfA
A expansão do universo pode ser uma ilusão,
de acordo com um estudo publicado recentemente na revista científica Classical
and Quantum Gravity.
Tal enfoque inovador poderia lançar luz
também sobre os enigmas da energia e da matéria escuras, as quais, segundo
cientistas, representam cerca de 95% da energia e da matéria totais do
universo.
A nova abordagem foi apresentada pelo
professor de Física Teórica Lucas Lombriser, da Universidade de Genebra, em
artigo divulgado em junho.
Expansão do universo e a constante
cosmológica
Segundo explica o portal de notícias
científicas Live Science, cientistas sabem que o universo está se expandindo
por causa do chamado desvio para o vermelho, ou seja, um aumento no comprimento
de onda da luz em direção à extremidade mais vermelha do espectro à medida que
o objeto que emite luz se afasta de nós. As galáxias distantes apresentam um
desvio para o vermelho maior do que as mais próximas da Terra, o que sugere que
estão se afastando cada vez mais do nosso planeta.
Recentemente, cientistas descobriram que a
expansão do universo não é constante, mas se acelera cada vez mais. Essa
aceleração se atribui à chamada constante cosmológica ou lambda. No entanto,
desde que Albert Einstein descreveu tal constante, há mais de 100 anos, ela tem
sido um desafio para os cosmólogos, já que as previsões teóricas diferem muito
das observações reais, levando-os a propor novas partículas ou forças para
explicar tal discrepância.
Nova hipótese sobre a expansão acelerada do
universo
Em vez de propor novas partículas ou forças
físicas, Lombriser sugere que se repense o que já se sabe. Em entrevista ao
Live Science sobre seu novo estudo, o astrofísico afirmou que sua nova hipótese
supõe um novo olhar sobre a há muito tempo estabelecida teoria da expansão
acelerada do universo.
“Neste trabalho, colocamos um novo par de
óculos para observar o cosmos e seus enigmas não decifrados, realizando uma
transformação matemática das leis físicas que o governam”, afirmou Lombriser.
“Fiquei surpreso com o fato de que o
problema da constante cosmológica parece simplesmente desaparecer nesta nova
perspectiva sobre o cosmos”, completou.
Universo plano e estático
Na interpretação matemática de Lombriser, o
universo não está se expandindo, mas é plano e estático, como Albert Einstein
inicialmente propôs, antes da introdução da ideia da constante cosmológica.
Segundo o astrofísico, os efeitos que observamos que apontam para uma expansão
são explicados pela evolução da massa das partículas, como prótons e elétrons,
ao longo do tempo.
Nesse cenário, essas partículas surgem de
um campo que permeia o espaço-tempo. A constante cosmológica é definida pela
massa do campo e, como esse campo flutua, as massas das partículas que ele gera
também flutuam. A constante cosmológica ainda varia com o tempo, mas, nesse
modelo, essa variação se deve à mudança da massa das partículas ao longo do
tempo, e não à expansão do universo.
Em relação à matéria escura, que não pode
ser observada diretamente, o estudo de Lombriser sugere que esse material
misterioso poderia se comportar como um campo de áxion, uma partícula
hipotética que é considerada uma das principais candidatas para explicar a
matéria escura.
Além disso, as flutuações nesse campo
poderiam significar que a energia escura, a força misteriosa responsável pela
separação acelerada das galáxias, não é necessária, disse Lombriser ao Live
Science.
Abordagem promissora, porém difícil de
verificar
Embora a abordagem proposta possa ser
promissora para abordar os desafios associados à constante cosmológica, a
física Luz Ángela García, pesquisadora da Universidade ECCI, de Bogotá, adverte
que é preciso cautela ao avaliar as conclusões do artigo.
Ao Live Science, ela afirmou que o novo
modelo teórico contém elementos que provavelmente não poderão ser verificados
observacionalmente, pelo menos não em um futuro próximo.
Fonte: Revistaplaneta.com.br
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