O que acontece no centro de um buraco negro?
Toda a matéria num buraco negro está concentrada num ponto central de densidade infinita e tamanho infinitamente pequeno – uma singularidade.
Crédito: Dotted Yeti/Shutterstock.
Os buracos negros têm centros? Se sim, o que está acontecendo
lá?
Einstein
passou 10 anos lutando com três conceitos fundamentais da física: aceleração, a
teoria da relatividade especial e a força gravitacional. Este esforço heróico
culminou em 1915 com a teoria geral da relatividade, um elegante conjunto de
equações que relacionam a curvatura do espaço-tempo com a matéria que nele se
move.
Embora
simples de escrever, encontrar soluções para estas equações tem intrigado
físicos e matemáticos desde então. Para abordar qualquer conjunto de equações
relacionadas a um sistema físico que evolui com o tempo, um bom começo é fazer
suposições que simplifiquem as coisas.
Apenas
um mês após a publicação de Einstein, Karl Schwarzschild descobriu uma das
soluções mais simples. A sua descrição relacionando uma massa compacta
esfericamente simétrica que não muda com o tempo à curvatura do espaço-tempo
que a rodeia apresentou-nos ao que hoje chamamos de buraco negro.
Inicialmente
esta solução foi rejeitada por muitos porque previa uma situação invulgar: toda
a matéria num buraco negro está concentrada num ponto central de densidade
infinita e tamanho infinitamente pequeno — uma singularidade. Singularidades
deixam os físicos bastante desconfortáveis.
Tendo
estabelecido o que está no centro, o que dizer do espaço vazio que envolve
imediatamente a singularidade? Considere a trajetória de uma nave espacial
caindo em um buraco negro. Do ponto de vista de um observador distante, a nave
irá acelerar e atingir rapidamente a singularidade central, mas no caminho
passa por um ponto sem volta: o horizonte de eventos.
Quanto
mais próximo da massa central, mais forte é a força de atração; dentro do
horizonte de eventos a força é tão forte – equivalentemente, o espaço-tempo é
tão curvo – que nenhum motor é poderoso o suficiente para superar a gravidade e
impulsionar a nave para fora. Na verdade, dentro deste raio, nem mesmo a luz
consegue se mover rápido o suficiente para escapar da atração da singularidade.
Fora do horizonte de eventos, os navios ainda viajam por caminhos incomuns, mas
pelo menos podem voltar para casa.
Os dois problemas que mantêm os físicos acordados à noite são 1) que a nossa compreensão da mecânica quântica torna a ideia de uma singularidade insustentável e 2) o horizonte de eventos impede-nos de medir o que acontece dentro de um buraco negro.
Estas questões levam-nos à vanguarda da física teórica: unindo a relatividade geral e o reino quântico; reconciliar os horizontes de eventos dos buracos negros com as leis da termodinâmica; e até mesmo especulando sobre buracos de minhoca, onde o centro de um buraco negro é um caminho, e não um beco sem saída singularmente infeliz.
Mark Avara - Astrofísico, Instituto de Astronomia, Cambridge, Universidade de Cambridge, Reino Unido
Fonte:
Astronomy.com
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