Detectada onda gravitacional que pode ajudar a resolver mistério cósmico
Fusão inédita
A colaboração internacional de
detectores gravitacionais LIGO-Virgo-KAGRA detectou um sinal de onda
gravitacional nunca antes visto, que poderá ser a chave para resolver um
mistério cósmico.
Visão artística da coalescência e fusão de um buraco negro na lacuna de massa (superfície cinza escuro) com uma estrela de nêutrons, com cores que variam do azul escuro (60 gramas por centímetro cúbico) ao branco (600 quilogramas por centímetro cúbico), mostrando as fortes deformações do material de baixa densidade da estrela de nêutrons. [Imagem: I. Markin/T. Dietrich/H. Pfeiffer/A. Buonanno]
O detector LIGO Livingston,
localizado no estado da Louisiana, nos EUA, observou um sinal de onda
gravitacional, chamado GW230529, proveniente de algo que parece ser a colisão
de uma estrela de nêutrons com um objeto compacto, que tem 2,5 a 4,5 vezes a massa
do nosso Sol.
Estrelas de nêutrons e buracos
negros são objetos compactos, remanescentes densos de explosões estelares
massivas, mas o que torna este sinal intrigante é a massa do objeto mais
pesado, que fica bem dentro de uma lacuna de massa entre as estrelas de nêutrons
mais pesadas conhecidas e os buracos negros mais leves.
O sinal de ondas gravitacionais
por si só não consegue revelar a natureza desse objeto, de modo que futuras
detecções de eventos semelhantes, especialmente aqueles acompanhados por
explosões de radiação eletromagnética, poderão ajudar a resolver esta questão.
Além disso, como este evento foi visto por apenas um detector, não é possível
avaliar se ele é real ou não.
"A nossa análise mostra que
o objeto mais pesado tinha uma massa cerca de 2,5 a 4,5 vezes a do Sol,
enquanto o objeto mais leve tinha apenas cerca de 1,2 a 2,0 vezes a massa do
Sol. Não conseguimos determinar com certeza se os objetos compactos são buracos
negros ou estrelas de nêutrons, já que o sinal da onda gravitacional não
fornece informação suficiente.
No entanto, é muito provável que
se trate da fusão entre um buraco negro e uma estrela de nêutrons. De qualquer
forma, estamos muito confiantes de que o objeto mais pesado se enquadra na
lacuna de massa," disse o professor Geraint Pratten, da Universidade de
Birmingham, no Reino Unido.
Simulação numérica da fusão. O sinal da onda gravitacional é representado por um conjunto de valores de amplitude de deformação de polarização positiva usando cores de azul escuro a ciano. [Imagem: I. Markin/T. Dietrich/H. Pfeiffer/A. Buonanno]
Lacuna de massa
Antes da primeira detecção de
ondas gravitacionais, em 2015, as massas dos buracos negros de massa estelar
eram calculadas principalmente através de observações de raios X, enquanto as
massas das estrelas de nêutrons era calculadas através de observações de
radiofrequências. Essas medições caem em duas faixas distintas, com uma
diferença entre elas de cerca de 2 a 5 vezes a massa do nosso Sol. Ao longo dos
anos, um pequeno número de medições ocupou esse intervalo, mas a diferença de
massa permanece objeto de debate intenso entre os astrofísicos.
Desde então, as observações de
ondas gravitacionais forneceram quase 200 medições de massas de objetos
compactos. Destas, apenas uma outra fusão pode ter envolvido um objeto compacto
na lacuna de massa - o sinal GW190814 veio da fusão de um buraco negro com um
objeto compacto que excede a massa das estrelas de nêutrons mais pesadas
conhecidas e possivelmente dentro da lacuna de massa.
"Embora evidências
anteriores de objetos na lacuna de massa tenham sido relatadas tanto em ondas
gravitacionais quanto eletromagnéticas, este sistema é especialmente
interessante porque é a primeira detecção de ondas gravitacionais de um objeto
com lacuna de massa emparelhado com uma estrela de nêutrons," disse a
professora Sylvia Biscoveanu, da Universidade do Northwestern, nos EUA. "A
observação deste sistema tem implicações importantes tanto para as teorias da
evolução binária quanto para as equivalentes eletromagnéticas das fusões de
objetos compactos."
O conjunto de observatórios
LIGO-Virgo-KAGRA já entrou agora na quarta rodada de coleta de dados, que
deverá durar 20 meses. Contudo, o sinal GW230529, divulgado agora, é o primeiro
a ser divulgado da rodada três, que possui ainda 80 outros sinais significativos
que ainda estão sendo analisados pela equipe.
Fonte: Inovação
Tecnológica
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