Novas observações do Telescópio Webb revelam que os buracos negros "desligam" rapidamente a formação estelar em galáxias massivas
Uma nova investigação publicada
na revista Nature apresenta novas observações do Telescópio Espacial James Webb
(JWST) que sugerem que os buracos negros impedem rapidamente a formação de
estrelas em galáxias massivas, removendo de forma explosiva grandes quantidades
de gás.
Imagem, gerada por IA (inteligência artificial) de uma galáxia onde um buraco negro supermassivo impulsiona um fluxo de gás que retira a matéria-prima necessária para a formação estelar, levando à sua extinção. Crédito: Image Creator - Copilot Designer
A equipe internacional descobriu
que mais de 90% do vento galáctico é constituído por gás neutro, pelo que era
praticamente invisível em estudos anteriores. Este trabalho é a primeira
confirmação direta de que os buracos negros supermassivos são capazes de "desligar"
as galáxias.
A diferença entre este novo
estudo e os anteriores reside no tipo de gás observado: até agora só era
possível detetar gás ionizado, que é quente, ao passo que o JWST conseguiu
detetar também gás neutro, que é frio.
A Dra. Rebecca Davies, do Centro
de Astrofísica e Supercomputação da Universidade de Tecnologia de Swinburne,
liderou a equipa australiana por detrás desta descoberta e ajudou a encontrar o
poderoso fluxo de gás impulsionado pelo buraco negro numa galáxia massiva
distante com um nível muito baixo de formação estelar.
"O fluxo está a remover gás
mais rapidamente do que o gás está a ser convertido em estrelas, o que indica
que o fluxo é suscetível de ter um impacto muito significativo na evolução da
galáxia. As nossas descobertas fornecem novas evidências que indicam que os
fluxos de gás impulsionados por buracos negros são capazes de parar rapidamente
ou 'extinguir' a formação estelar em galáxias massivas."
Quando a formação estelar é
extinta, significa que uma galáxia deixou de formar estrelas. Representa a
transformação entre uma galáxia que está ativamente a formar estrelas,
permitindo-lhe crescer e mudar, e uma galáxia que está "morta" e
estática. A extinção é, portanto, um processo fundamental no ciclo de vida das
galáxias. No entanto, os astrónomos ainda não compreendem em pormenor o que
leva as galáxias a deixarem de formar estrelas.
Juntamente com investigadores de
renome internacional, nomeadamente o autor principal Sirio Belli da
Universidade de Bolonha, a Dra. Davies estudou uma galáxia situada a uma enorme
distância da Terra, cuja luz demorou mais de dez mil milhões de anos a chegar
até nós.
Os núcleos galácticos ativos
(NGAs) - buracos negros supermassivos que consomem grandes quantidades de gás -
podem impulsionar fluxos nas galáxias. Os NGAs mais poderosos impulsionam
fluxos de gás muito massivos que podem remover todo o gás das galáxias que os
acolhem num período de tempo relativamente "curto" e provocar a
cessação da formação estelar.
"O JWST permitiu-nos
observar a fase de gás neutro e mais frio dos fluxos normais dos NGAs em
galáxias distantes. Na galáxia estudada, descobrimos que a taxa de escoamento
na fase neutra era cerca de 100 vezes maior do que a taxa de escoamento na fase
ionizada, revelando assim uma grande quantidade de massa que era anteriormente
invisível."
A Dra. Davies diz que o JWST pode
ser usado para detetar uma fração muito maior dos fluxos, enquanto que as
anteriores observações de gás ionizado só conseguiam detetar cerca de um por
cento.
"Antes do JWST, estávamos
apenas a ver a ponta do icebergue no que diz respeito à massa dos fluxos".
A equipe está entusiasmada com o
que poderá descobrir ao analisar mais galáxias no futuro.
Fonte: Astronomia OnLine
Comentários
Postar um comentário
Se você achou interessante essa postagem deixe seu comentario!