Renasce teoria de 100 anos que descarta Big Bang
Contestações ao Big Bang
O professor Lior Shamir, da
Universidade do Estado do Kansas, nos EUA, pertence ao crescente grupo de
cientistas que acreditam que nossa visão do Universo está ultrapassada e que já
está passando da hora de rever nosso modelo padrão cosmológico.
A teoria da luz cansada dispensa a noção de expansão do Universo, dando outra explicação para o desvio para o vermelho. [Imagem: Gerado por IA]
Agora, ele reuniu dados
observacionais para reavivar uma teoria formulada há mais de um século, uma
teoria que contesta frontalmente a validade do modelo do Big Bang.
Shamir usou imagens de três
telescópios e mais de 30.000 galáxias para medir o desvio para o vermelho das
galáxias com base em sua distância da Terra. Desvio para o vermelho é a mudança
na cor das ondas de luz que uma galáxia emite, que os astrônomos usam para
medir a velocidade da galáxia - se o Universo está se expandindo, a galáxia
está se afastando, o que equivale a esticar as ondas, fazendo a cor da luz
mudar, tendendo para o vermelho.
Mas, em vez de embasar a teoria
do Big Bang e a expansão da Universo, os dados dão suporte a uma teoria
centenária, conhecida como "teoria da luz cansada".
"Na década de 1920, Edwin
Hubble e George Lemaitre descobriram que, quanto mais distante a galáxia está,
mais rápido ela se afasta da Terra", contextualizou Shamir. "Essa
descoberta levou à teoria do Big Bang, sugerindo que o Universo começou a se
expandir há cerca de 13,8 bilhões de anos."
É esta ideia, largamente aceita,
que o pesquisador diz não ter embasamento em seus dados.
Medições de alta precisão também contestaram as teorias sobre as estrelas Cefeidas, essenciais para a teoria da aceleração da expansão do Universo. [Imagem: Gerado por IA/DALL-E]
Teoria da luz cansada
Acontece que, logo depois do
trabalho de Hubble e Lemaitre, em 1929, o astrônomo suíço Fritz Zwicky
(1898-1974) propôs que as galáxias que estavam mais distantes da Terra não
estavam realmente se movendo mais rápido - foi o mesmo Zwicky que propôs a noção
de matéria escura, em 1933.
A alegação de Zwicky era que o
desvio para o vermelho observado da Terra não é porque as galáxias se movem,
mas porque os fótons de luz perdem sua energia conforme viajam pelo espaço.
Quanto mais a luz viaja, mais energia ela perde, levando à ilusão de que
galáxias que estão mais distantes da Terra também se movem mais rápido. Isso
levou sua ideia a ser conhecida como "hipótese da luz cansada".
"A teoria da luz cansada foi
amplamente negligenciada, conforme os astrônomos adotaram a teoria do Big Bang
como o modelo de consenso do Universo," disse Shamir.
"Mas a confiança de alguns
astrônomos na teoria do Big Bang começou a enfraquecer quando o poderoso
telescópio espacial James Webb viu a primeira luz. O Webb forneceu imagens
profundas do Universo muito primitivo, mas, em vez de mostrar um Universo primitivo
infantil como os astrônomos esperavam, mostrou galáxias grandes e maduras. Se o
Big Bang aconteceu como os cientistas acreditavam inicialmente, essas galáxias
são mais velhas que o próprio Universo," detalhou o pesquisador.
A matéria escura parece estar com seus dias contados, enquanto os telescópios espaciais Euclides e Roman poderão ser a última chance para a energia escura. [Imagem: NASA/ESA/ATG]
Velocidade rotacional
Embora essas novas imagens por si
sós lancem dúvidas sobre o Big Bang, Shamir usou outra técnica, a velocidade
rotacional constante da Terra ao redor do centro da Via Láctea, para examinar o
desvio para o vermelho de galáxias que se movem em velocidades diferentes em
relação à Terra. Isso permitiu testar como a mudança no desvio para o vermelho
responde à mudança na velocidade.
"Os resultados mostraram que
as galáxias que giram na direção oposta em relação à Via Láctea têm menor
desvio para o vermelho em comparação com as galáxias que giram na mesma direção
em relação à Via Láctea," resumiu Shamir. "Essa diferença reflete o
movimento da Terra enquanto ela gira com a Via Láctea."
"Mas os resultados também
mostraram que a diferença no desvio para o vermelho aumentou quando as galáxias
estavam mais distantes da Terra. Como a velocidade rotacional da Terra em
relação às galáxias é constante, a razão para a diferença pode ser a distância
das galáxias da Terra. Isso mostra que o desvio para o vermelho das galáxias
muda com a distância, que é o que Zwicky previu em sua teoria da luz
cansada," concluiu o astrofísico.
Inovação Tecnológica
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