Brilho estranho de Betelgeuse pode ser causado por estrela companheira
Pulsações de Betelgeuse
Talvez a gigantesca Betelgeuse,
uma estrela gigante vermelha com cerca de 100.000 vezes o brilho do Sol e mais
de 400 milhões de vezes seu volume, não esteja prestes a explodir como uma
supernova.
A pequena companheira é invisível por causa do brilho descomunal de Betelgeuse, mas ela "limpa" a visão da estrela, fazendo-a parecer mais brilhante. [Imagem: Lucy Reading-Ikkanda/Simons Foundation]
Em vez disso, o brilho e o
escurecimento periódicos da estrela podem ser melhor explicados pela presença
de uma estrela companheira invisível orbitando Betelgeuse, propõe um trio
de astrônomos.
Embora a supergigante seja uma
estrela variável, que apresenta mudanças de luz periódicas e irregulares, de
outubro de 2019 a março de 2020 houve o escurecimento mais significativo
observado nos últimos 50 anos, com a luz de Betelgeuse reduzindo-se em mais de
2,5 vezes, o que pôde ser percebido a olho nu no céu noturno.
Os astrônomos levantaram várias
hipóteses, incluindo uma pré-fase da explosão da estrela como uma supernova,
uma cortina de poeira estelar e mudanças na fotosfera da estrela.
"Nós descartamos todas as
fontes intrínsecas de variabilidade que poderíamos pensar sobre o porquê do
aumento e diminuição do brilho estarem acontecendo dessa forma. A única
hipótese que pareceu se encaixar é que Betelgeuse tem uma companheira,"
disse o astrônomo Jared Goldberg, um dos autores da nova análise.
Posição de Betelgeuse na constelação de Órion. [Imagem: Lucy Reading-Ikkanda/Simons Foundation]
Betel-Companheira
Os astrônomos podem prever quando
Betelgeuse morrerá "checando seu pulso". Como é uma estrela variável,
ela alterna períodos de maior e menor brilho, pulsando como um batimento
cardíaco. No caso de Betelgeuse, há dois batimentos cardíacos: Um que pulsa em
uma escala de tempo um pouco maior que um ano, e um que pulsa em uma escala de
tempo de cerca de seis anos.
Um desses batimentos cardíacos é
o modo fundamental de Betelgeuse, um padrão de brilho e escurecimento que é
intrínseco à própria estrela. Se o modo fundamental da estrela for seu
batimento cardíaco de longa escala, então Betelgeuse pode estar pronta para
explodir mais cedo do que o esperado.
No entanto, se seu modo
fundamental for seu batimento cardíaco de curta escala, como vários estudos
sugerem, então seu batimento cardíaco mais longo é um fenômeno chamado período
secundário longo. Nesse caso, esse brilho e escurecimento mais longos seriam
causados por algo externo à estrela.
É aí que entra a companheira
hipotética, que os astrônomos estão chamando de "BetelCompanheira"
ou, mais formalmente, de Alpha Orionis B - o nome formal de Betelgeuse é Alpha
Orionis. O detalhe é que essa companheira funcionaria como um "gari
cósmico" enquanto orbita Betelgeuse, limpando a poeira que emana da
estrela e que bloqueia sua luz, temporariamente fazendo com que Betelgeuse
pareça mais brilhante.
Infográfico descrevendo como a companheira afeta o brilho aparente de Betelgeuse. [Imagem: Lucy Reading-Ikkanda/Simons Foundation/10.48550/arXiv.2408.09089]
Hipóteses e observações
Os cálculos preliminares indicam
que essa companheira teria cerca de duas vezes a massa do Sol.
"É difícil dizer o que a
companheira realmente é além de fornecer restrições de massa e orbitais. Uma
estrela semelhante ao Sol é o tipo mais provável de companheira, mas isso não é
de forma alguma conclusivo. Uma hipótese mais exótica, da qual eu pessoalmente
gosto, embora as opiniões dos meus coautores possam divergir, é que a
companheira é uma estrela de nêutrons - o núcleo de uma estrela que já se
tornou uma supernova. No entanto, nesse caso, esperaríamos ver evidências disso
com observações de raios X, e não vimos. Acho que deveríamos olhar
novamente," opinou Meridith Joyce, coautora da proposta.
A seguir, a equipe tentará
capturar imagens da BetelCompanheira usando telescópios, já que haverá uma
potencial janela de visibilidade por volta de 6 de dezembro. "Precisamos
confirmar que Betelcompanheira realmente existe, já que nosso resultado é baseado
em inferência, e não em detecção direta. Então, estamos trabalhando em
propostas de observação agora," disse o professor László Molnár.
Inovação Tecnológica
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