Mapa mais detalhado da Via Láctea mostra 1,5 bilhão de corpos celestes

 Mapa infravermelho da galáxia

Astrônomos publicaram um gigantesco mapa da Via Láctea, mostrando mais de 1,5 bilhão de corpos celestes - é o mapa mais detalhado da nossa galáxia criado até hoje.

Esta colagem destaca uma pequena seleção de regiões da Via Láctea fotografadas para obtenção do mapa infravermelho mais detalhado da nossa Galáxia - da esquerda para a direita e de cima para baixo: NGC 3576, NGC 6357, Messier 17, NGC 6188, Messier 22 e NGC 3603. [Imagem: ESO/VVVX] 

A equipe, liderada pelo professor Roberto Saito, da Universidade Federal de Santa Catarina, utilizou o telescópio VISTA (sigla em inglês para Telescópio de Pesquisa Visível e Infravermelho para Astronomia), do Observatório Europeu do Sul, para monitorar as regiões centrais da nossa galáxia durante mais de 13 anos.

Os 500 terabytes de dados gerados incluem 200.000 imagens capturadas no infravermelho, que permite observar objetos que não podem ser vistos em luz visível porque ficam escondidos pela poeira e gás que permeiam a galáxia. Assim, torna-se possível capturar a radiação emitida nas regiões mais ocultas, abrindo uma janela única para a nossa vizinhança.

Observar no infravermelho permite também detectar objetos muito frios, que brilham nestes comprimentos de onda, tais como anãs marrrons (estrelas "falhadas" que não têm fusão nuclear sustentada) ou planetas flutuantes, que não orbitam nenhuma estrela.

O mapa cobre uma área do céu equivalente a 8.600 luas cheias e contém cerca de 10 vezes mais objetos do que o mapa publicado em 2012 pela mesma equipe.

Os dados incluem estrelas recém-nascidas, que se encontram frequentemente envolvidas por casulos de poeira, e enxames globulares, grupos densos de milhões das estrelas mais antigas da Via Láctea.

Imagem composta da Nebulosa Carina, comparada com a imagem da mesma área feita pelo telescópio espacial James Webb (embaixo). [Imagem: R. K. Saito et al. - 10.1051/0004-6361/202450584]

Estrelas variáveis e hipervelozes

Ao observar cada área do céu muitas vezes, a equipe conseguiu não só determinar a localização dos corpos celestes, mas também seguir o seu movimento e determinar se existem variações de brilho.

Também foram mapeadas estrelas cuja luminosidade muda periodicamente e que podem ser usadas como réguas cósmicas para medir distâncias, dando-nos assim uma visão tridimensional exata das regiões mais interiores da Via Láctea, nunca antes vistas porque ficam escondidas pela poeira.

Os astrônomos seguiram também estrelas com hipervelocidade, estrelas em movimento rápido catapultadas da região central da Via Láctea após um encontro próximo com o buraco negro supermassivo, o Sagitário A*.

"Este projeto constituiu um esforço monumental, apenas possível graças a uma grande equipe," disse o professor Roberto, destacando que o trabalho, que começou há mais de uma década, já rendeu mais de 300 artigos científicos. Com os rastreios agora concluídos, a exploração científica dos dados recolhidos continuará ainda durante as próximas décadas. 

E logo virão mais dados: O VISTA será atualizado com um novo instrumento, chamado 4MOST, enquanto o telescópio VLT receberá o instrumento MOONS. Juntos, esses instrumentos fornecerão espectros de milhões dos objetos agora mapeados, o que permitirá conhecê-los muito melhor.

Inovação Tecnológica

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