Mudanças na órbita de Marte podem indicar que um buraco negro antigo atravessou o sistema solar
Se os buracos negros microscópicos, que se formaram em um intervalo breve após o Big Bang, foram realmente uma realidade, como alguns pesquisadores cogitam, é plausível que ao menos um deles atravessem o sistema solar a cada década. Esse movimento geraria pequenas variações na gravidade, distúrbios que poderiam ser identificados por cientistas utilizando tecnologias avançadas.
Imagem: buradaki / Getty Images
Essas novas evidências sugerem
que, se os astrônomos conseguirem detectar e validar a existência dessas
anomalias gravitacionais, isso poderá fornecer pistas valiosas para decifrar o
enigma da matéria escura, que permanece um dos maiores desafios na cosmologia
contemporânea.
Desvendar sua verdadeira natureza
não apenas enriqueceria nosso conhecimento sobre o cosmos, mas também poderia
transformar nossa compreensão da própria estrutura do universo.
Matéria escura
Diversos pesquisadores levantaram
a hipótese de que a matéria escura poderia ser formada por partículas ainda não
descobertas, porém, até agora, nenhum experimento conseguiu identificar novas
partículas que pudessem ser atribuídas a esse componente misterioso do
universo.
Diante dessa dificuldade, os
cientistas estão começando a investigar uma alternativa intrigante: a
possibilidade de que buracos negros antigos, aqueles que foram surgidos desde
os primórdios do cosmos, possam ser uma chave para entender a natureza da matéria
escura.
Estudos anteriores indicam que
aproximadamente 86% da matéria que compõe o universo é constituída por essa
substância invisível, que não emite luz e não interage de maneira convencional
com a matéria que conhecemos.
A presença da matéria escura é
inferida a partir dos efeitos gravitacionais que ela exerce sobre a matéria e a
luz que observamos diariamente, mas sua verdadeira composição ainda permanece
um mistério. É evidente que a busca por respostas não apenas alimenta o
conhecimento científico, mas também instiga questionamentos fundamentais sobre
a própria estrutura e a origem do universo.
Buracos negros
Os buracos negros se formam
quando um objeto apresenta uma densidade tão elevada que colapsa sob a intensa
força gravitacional que ele mesmo gera. Pesquisas anteriores sugerem que esses
buracos negros antigos, que conseguiram sobreviver até os dias atuais, poderiam
ser responsáveis por uma parte
significativa ou até mesmo
por toda a composição da matéria escura.
Com base nessas descobertas, o
estudo recente se debruçou sobre a frequência com que esses buracos negros
antigos podem atravessar o sistema solar, além de investigar se sua passagem
pode gerar efeitos que sejam detectáveis em
objetos visíveis.
Sarah Geller, física teórica da
Universidade da Califórnia em Santa Cruz, diz que “se há muitos buracos negros
por aí, alguns deles certamente devem passar pelo nosso quintal de vez em
quando.”
Buracos negros antigos: e
se
Os pesquisadores direcionaram
suas atenções para os buracos negros antigos que podem estar ocorrendo nas
proximidades dos planetas internos do sistema solar, Mercúrio, Vênus, Terra e
Marte.
As investigações revelaram que se
esses buracos negros realmente existem, sua abundância poderia ser tão
significativa que pelo menos um deles poderia cruzar os mundos internos do
sistema solar a cada década.
Os cientistas também observaram
que múltiplas sobrevoos desse tipo já podem ter acontecido desde que as
tecnologias desenvolvidas para detectar essas perturbações gravitacionais
surgiram a operar. Essa possibilidade abre novas questões sobre a interação entre
esses objetos enigmáticos e os planetas que convivem.
Geller enfatizou que “não estamos
afirmando categoricamente que buracos negros antigos existem, que eles
constituem a maior parte ou toda a matéria escura, ou que estão de fato
presentes em nosso sistema solar.” Em vez disso, os pesquisadores destacam que,
caso esses buracos negros antigos realmente existam e sejam responsáveis pela
maior parte da matéria
escura, “seria
esperado que eles atravessassem o sistema solar interno uma vez a cada dez
anos.”
É necessário, portanto, novos
estudos com especialistas em modelar o sistema solar com métodos computacionais
muito mais sofisticados para fazer afirmações definitivas.
As descobertas foram publicadas
na revista Physical Review D.
Fonte: socientifica.com.br
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