Pequenos buracos negros podem estar escondidos em asteroides, luas ou até mesmo em planetas como o nosso
Os buracos negros primordiais
(PBHs) são um dos temas mais intrigantes em astronomia e cosmologia atualmente.
Esses buracos negros hipotéticos teriam se formado logo após o Big Bang, a
partir de regiões de matéria subatômica tão densas que sofreram colapso
gravitacional.
O conceito deste artista adota uma abordagem fantasiosa para imaginar pequenos buracos negros primordiais. Na realidade, esses pequenos buracos negros teriam dificuldade em formar os discos de acreção que os tornam visíveis aqui. Crédito: Goddard Space Flight Center da NASA
Hoje em dia, os PBHs são
considerados candidatos para a matéria escura, uma possível fonte de ondas
gravitacionais primordiais e uma solução para vários problemas em física. No
entanto, até agora, nenhum PBH foi observado de forma definitiva, o que levou à
criação de novas propostas sobre como poderíamos detectar esses minúsculos
buracos negros.
Pesquisas recentes sugerem que
estrelas de nêutrons e anãs podem abrigar PBHs em seus interiores, que estariam
consumindo lentamente o gás dessas estrelas. Agora, uma equipe de físicos
estendeu essa ideia, propondo uma nova forma de detectar os PBHs: buscar por
eles dentro de objetos como planetas e asteroides, ou usar placas de metal para
identificar sinais da passagem desses buracos negros.
Detectar os minúsculos “túneis”
deixados por esses corpos pode ajudar a confirmar a existência dos PBHs e
lançar luz sobre alguns dos maiores mistérios da cosmologia.
A pesquisa foi realizada por
De-Chang Dai, da Universidade Nacional Dong Hwa em Taiwan e do Centro de
Educação e Pesquisa em Cosmologia e Astrofísica na Universidade Case Western
Reserve, e por Dejan Stojkovic, da Universidade Estadual de Nova York em Buffalo.
Os resultados foram recentemente publicados online e estão sendo revisados para
publicação na revista *Physics of the Dark Universe*.
O Fascínio pelos Buracos
Negros Primordiais:
Cientistas têm se interessado
pelos PBHs há décadas, desde que os russos Igor D. Novikov e Yakov Zeldovich
previram sua existência em 1966. O famoso físico Stephen Hawking também
contribuiu para essa área, mostrando em 1974 que buracos negros podem evaporar
com o tempo.
Enquanto buracos negros maiores
levariam mais tempo para evaporar do que a idade atual do universo (cerca de
13,8 bilhões de anos), os PBHs menores já poderiam ter se evaporado ou estar em
processo de evaporação.
Nos últimos anos, o interesse
pelos PBHs aumentou, já que eles poderiam explicar a matéria escura, ser uma
fonte de ondas gravitacionais primordiais e ajudar a resolver grandes mistérios
cosmológicos. No entanto, ainda não há observações confirmadas desses objetos.
Propostas para Detectar os
PBHs
De acordo com De-Chang e
Stojkovic, uma forma de encontrar PBHs seria examinar asteroides, luas ou
planetas pequenos que possuam um núcleo líquido cercado por uma crosta sólida.
Se um pequeno PBH estivesse presente, ele consumiria o núcleo líquido em poucas
semanas ou meses, deixando a crosta intacta, desde que fosse forte o suficiente
para suportar o estresse gravitacional. Assim, o objeto acabaria com uma
estrutura oca, e se o buraco negro fosse expulso (por colisões com outros
objetos, por exemplo), a densidade do corpo seria menor do que a de um objeto
rochoso com núcleo líquido.
Eles calcularam o estresse
gravitacional que pequenos PBHs gerariam e compararam com a resistência de
materiais encontrados na crosta de planetas, como minerais de silicato
(rochas), ferro e outros elementos. Também consideraram materiais artificiais,
como nanotubos de carbono. Por exemplo, descobriram que o granito poderia
suportar estruturas ocas de até 1/10 do raio da Terra, por isso sugerem que a
busca se concentre em planetoides, luas ou asteroides.
Procurando Evidências dos
PBHs no Espaço e na Terra:
Para identificar possíveis
candidatos a PBHs no Sistema Solar, os astrônomos poderiam observar asteroides
e outros corpos para estimar suas massas e raios, identificando objetos ocos
para investigações futuras com sondas e missões robóticas. Alternativamente,
sensores poderiam ser projetados para detectar a passagem de PBHs.
Se um PBH pequeno atravessasse um
material sólido, ele deixaria um túnel reto e longo com raio comparável ao seu
tamanho. Por exemplo, um PBH de 10²³ gramas deixaria um túnel com raio de 0,1
mícron. Esses PBHs teriam energias significativas, mas a energia que
depositariam no material seria muito baixa, o que significa que poderiam até
mesmo atravessar o corpo humano sem causar danos perceptíveis.
Os cientistas poderiam então
buscar por microtúneis em materiais comuns, como vidro ou rochas. Além disso,
grandes placas de metal poderiam ser isoladas para detectar quaisquer mudanças
súbitas em suas propriedades.
Grandes Descobertas com
Pequenos Custos:
Embora a quantidade de PBHs
esperada seja pequena, a possibilidade de encontrá-los seria uma descoberta
monumental, e os experimentos necessários para isso seriam relativamente
baratos. Nos últimos anos, foi sugerido que alguns PBHs poderiam estar escondidos
em estrelas, emitindo raios gama ou sendo detectáveis por microlentes
gravitacionais. Essas propostas se alinham com ideias defendidas por Stephen
Hawking.
A busca por PBHs representa um
caminho fascinante para resolver algumas das maiores questões do universo, e
novas descobertas podem estar mais perto do que imaginamos.
Fonte: terrarara.com.br
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