Astrônomos confirmam que galáxia de Maisie está entre as mais antigas já observadas
Uma equipe de astrônomos
confirmou que uma das galáxias mais distantes detectadas pelo telescópio James
Webb está, de fato, a poucos milhões de anos após o Big Bang.
Apelidada de galáxia Maisie, ela
é uma das muitas que evoluíram mais rápido do que a previsão dos modelos
cosmológicos, tirando o sono de alguns cientistas ao redor do mundo.
Observações espectroscópicas revelam que a galáxia de Maisie, batizada em homenagem à filha de Steven Finkelstein, foi detectada 390 milhões de anos após o Big Bang. Isso a torna uma das quatro primeiras galáxias confirmadas já observadas. Crédito: NASA/STScI/CEERS/TACC/ Universidade do Texas em Austin/S. Finkelstein/M. Bagley
Em
2022, o projeto Cosmic Evolution Early Release Science Survey (CEERS) analisou
uma série de dados do James Webb e encontrou alguns objetos candidatos a
galáxias mais distantes já detectadas. Entre elas, estava a CEERSJ141946.35
(Maisie), cuja luz observada era supostamente de 286 milhões de anos após o Big
Bang.
A
descoberta deixou os astrônomos um pouco intrigados porque, naquela época, as
galáxias ainda não deveriam ser tão evoluídas. Entretanto, lá estava Maisie, ao
lado de outras galáxias igualmente antigas, como a CEERS-93316, supostamente
observada 250 milhões de anos após o Big Bang.
Para
alguns astrônomos, isso poderia significar que a interpretação dos dados
poderia estar errada — de fato, isso parece mais provável do que encontrar
galáxias em épocas onde elas ainda não deveriam existir. Após nova análise,
ambos os objetos mencionados tiveram valores ajustados e ainda desafiam os
modelos atuais.
Na
pesquisa anterior, a Maisie foi estimada com redshift z = 14.3 (número
relacionado à distância dos objetos com base na expansão acelerada do
universo), sugerindo que os astrônomos estavam observando a galáxia do jeitinho
que ela era há cerca de 13,48 bilhões de anos (considerando que o universo tem
hoje 13,77 bilhões de anos).
Após
alguns argumentos sugerindo que as medições poderiam estar erradas, a equipe do
CEERS solicitou mais tempo com o James Webb para novas observações. Eles
analisaram a luz da galáxia em várias frequências para identificar com mais
precisão sua composição química, produção de calor, brilho intrínseco e
movimento relativo.
Essa
última análise revelou que a galáxia de Maisie realmente está mais perto da Via
Láctea (e, portanto, mais longe do Big Bang), mas não muito: a nova estimativa de
seu redshif é de z=11,4, implicando que sua luz observada é de 390 milhões de
anos após o Big Bang.
Isso
significa que Maisie não está absurdamente próxima do Big Bang, mas ainda é uma
das quatro primeiras galáxias observadas já confirmadas — e ainda é uma peça
estranha no quebra-cabeças da evolução de galáxias no universo jovem.
O
novo estudo também revisitou a galáxia CEERS-93316, que em 2022 foi estimado
com redshift z = 16,7, o que a colocava apenas a 250 milhões de anos após o Big
Bang — ainda mais antiga do que a Maisie. Contudo, a nova análise apontou para
redshift z = 4,9, correspondente a cerca de 1 bilhão de anos após o Big Bang.
Após
a pesquisa anterior, cientistas liderados por Jorge Zavala, do Observatório
Astronômico Nacional do Japão, analisaram a composição da galáxia CEERS-93316 e
observaram uma grande quantidade de poeira cósmica (formada pela formação e
morte das estrelas).
Essa
poeira poderia imitar os tons vermelhos de uma galáxia com redshift mais alto,
então, a equipe de Zavala resolveu calcular novamente o desvio para o vermelho
da CEERS-93316 usando seus novos dados, e encontrou um redshift de apenas z =
5, o que a localiza a 1,3 bilhão de anos após o Big Bang.
Na
pesquisa recente da equipe CEERS, os astrônomos confirmaram as medições de
Zavala, encontrando um redshift de z = 4,9, colocando a galáxia CEERS-93316 a
cerca de 1 bilhão de anos após o Big Bang. O motivo do erro no cálculo anterior
foi a presença de oxigênio e hidrogênio que imitaram a assinatura de galáxias
muito primitivas.
O
artigo com os novos resultados foi publicado na Nature.
Fonte: Phys.org
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