As Sondas Voyagers

A missão composta pelas sondas gêmeas voyagers é provavelmente a mais bem sucedida e espetacular missão de exploração do sistema solar já realizada pela NASA. A Voyager 1 tinha a missão de explorar Júpiter e Saturno. A Voyager 2, numa trajetória mais lenta e mais longa, repetiu os passos de sua irmã e também passou por Urano e Netuno. O seu custo total, desde que foi oficialmente aprovado em maio de 1972 até a passagem da Voyager 2 por Netuno (ago/89) foi de 865 milhões de dólares (incluindo os veículos de lançamento, fontes de energia nuclear e suporte de rastreamento). O que permitiu também o sucesso dessa misão foi uma rara conjunção dos planetas gigantes, que estavam todos do mesmo lado do sistema solar. Foi o que possibilitou que as sondas "saltassem" de um planeta para outro, num único vôo. A Voyager 1 foi lançada em 5 de setembro de 1977, e passou por Júpiter em 5 de março de 1979 e por Saturno em 12 de novembro de 1980. A Voyager 2 foi lançada antes, em 20 de agosto de 1977, passando por Júpiter em 7 de agosto de 1979, por Saturno em 25 de agosto de 1981, por Urano em 24 de janeiro de 1986 e finalmente por Netuno em 19 de agosto de 1989. Somente um alinhamento de rara ocorrência (a cada 187 anos) permitiu que a sonda Voyager 2 passasse pelos quatro gigantes do nosso sistema solar.

Voyager 1 Voyager 2
Data do encontro
com Saturno 12 de novembro de 1980 - 25 de agosto de 1981

  Distância* 64.200 km - 41.000 km
*Distância mais próxima do topo das nuvens mais altas de Saturno
Com equipamentos melhores e todo o conhecimento e experiência adquiridos com as missões Pioneer X e XI, as sondas puderam fazer melhores imagens e trazer dados científicos mais precisos para a Terra. Novos anéis foram descobertos, fotos melhores e mais detalhadas de Saturno e suas luas foram tiradas, e descobriu-se as "luas pastores", responsáveis pela estabilidade dos anéis. No total, mais de 5 trilhões de bits de dados científicos foram enviados. É informação suficiente para encher 6000 coleções completas da "Enciclopédia Brittanica".
As sondas continuam a transmitir dados, e o farão até 2020, quando seu combustível irá se exaurir e se perderá contato de vez com as mesmas. As sondas no momento enviam informações sobre o sistema solar exterior. A Voyager 1, que foi lançada numa trajetória mais rápida, é atualmente a sonda mais veloz e a que está mais afastada da Terra, e há muito que ela e sua irmã ultrapassaram a órbita de Plutão. Em 2010, as mesmas irão deixar os limites do nosso sistema solar e penetrar no espaço interestelar. Com sorte, acredita-se que em 40.000 anos irão atingir um outro sistema estelar. As sondas Voyager transmitem de forma ininterrupta sinais para a Terra a aproximadamente 30 anos, graças ao gerador termoelétrico de radioisótopos de alta longevidade, ao projeto robusto e resistente que possuem, além de uma equipe de profissionais dedicados que hoje está reduzida a apenas 10 pessoas.  É possível que as sondas fiquem sem energia elétrica antes de atingir seu próximo objetivo, o de explorar os limites da ampla "bolha" que o Sol cria ao seu redor. O limite dessa "bolha" se chama heliopausa, um lugar onde a pressão expansiva da bolha solar é limitada pela força dos ventos interestelares. Acredita-se que pelo menos a Voyager 1 consiga atingir esse objetivo. Cada sonda carrega consigo um disco de cobre, que contém gravado imagens, sons da Terra, saudações em 55 idiomas (incluindo o português) e músicas (Mozart, Bach e Chuck Berry, por exemplo), selecionados pelo falecido cosmologista Carl Sagan, para apresentar um pouco da cultura humana e seu planeta a uma eventual civilização inteligente (caso exista), que porventura venha a capturar a sonda. Há Também imagens e saudações por escrito do então presidente dos EUA, Jimmy Carter, e do então secretário-geral da ONU, Kurt Waldheim

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