A Andrômeda invisível

Saiu semana passada uma imagem de Andrômeda que nunca havia sido vista. Ela foi obtida em comprimentos de onda no ultravioleta, uma faixa espectral que a atmosfera da Terra consegue filtrar quase totalmente. Alguma coisa ainda atinge a superfície (como os casos de câncer de pele podem atestar), mas de modo geral, astronomia no ultravioleta é feita com instrumentos no espaço. Essa imagem, de uma Andrômeda invisível para nossos instrumentos, foi obtida pelo satélite Swift. A missão principal deste satélite é observar eventos de raios gama, os famosos gamma ray bursts. Ele já conseguiu registrar mais de 400 destas explosões, que representam um dos eventos mais energéticos já observados no universo. A galáxia de Andrômeda está a 2,5 milhões de anos luz de distância e é uma espiral muito parecida com o que se pensa que seja a nossa galáxia. Quando alguém pergunta qual a maior distância que um ser humano pode enxergar a olho nu, provavelmente a resposta é 2,5 milhões de anos luz. Andrômeda pode ser vista (especialmente para habitantes do hemisfério norte) como uma mancha na constelação que leva o mesmo nome. Essa nova imagem mostra alguns detalhes até então desconhecidos. Diferente da imagem no vísivel em que o centro apresenta uma mancha pálido-amarelada, a imagem no ultravioleta mostra aglomerados de estrelas salpicados em torno do centro da galáxia. Isso por que no visível o centro é dominado pela luz de estrelas velhas e frias, o ultravioleta revela a população de estrelas jovens e quentes. Outro detalhe notável é um gigantesco anel de pontos azulados, revelando os locais onde estrelas estão se formando. As estrelas se concetram neste “anel de fogo” porque é nesta região que está a matéria para formar novas estrelas. No centro o gás já foi consumido. Uma explicação para este anel de intensa formação de estrelas é a interação com galáxias-satélites orbitando Andrômeda. As forças gravitacionais agem entre as galáxias como forças de maré e desse intenso cabo de guerra cósmico, regiões de formação de estrelas são geradas e, invariavelmente, algumas galáxias são engolidas por Andrômeda, como falei aí no post abaixo.
Fonte: www.nasa.gov

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