Os enxames globulares podem ser 4 bilhões de anos mais jovens do que se pensava
Evolução de um sistema binário no interior de um enxame
globular.
Crédito: Mark A. Garlick/Universidade de Warwick
Segundo uma nova pesquisa
liderada pela Universidade de Warwick, os enxames globulares podem ser até 4
bilhões de anos mais jovens do que se pensava. Compostos por centenas de
milhares de estrelas densamente agrupadas numa esfera compacta, os aglomerados globulares
eram considerados quase tão antigos quanto o próprio Universo - mas, graças a
modelos de investigação recentemente desenvolvidos, foi demonstrado que podem
ter 9 bilhões de anos em vez de 13 bilhões.
A descoberta põe em questão as
teorias atuais sobre como as galáxias, incluindo a Via Láctea, foram formadas,
pois os enxames globulares eram considerados quase tão antigos quanto o próprio
Universo. Pensa-se que existam, só na nossa Galáxia, entre 150 e 180 enxames
globulares. Projetados para reconsiderar a
evolução das estrelas, os novos modelos BPASS (Binary Population and Spectral
Synthesis) levam em conta os detalhes da evolução de estrelas binárias dentro
do enxame globular e são usados para explorar as cores da luz das antigas
populações de estrelas duplas - bem como os traços de elementos químicos vistos
nos seus espectros.
O processo evolucionário vê duas
estrelas a interagir num sistema binário, onde uma se expande para gigante
enquanto a força gravitacional da estrela mais pequena remove a sua atmosfera,
composta por hidrogênio e hélio, entre outros elementos. Pensa-se que estas
estrelas se formaram ao mesmo tempo que o próprio enxame. Usando os modelos BPASS e
calculando a idade dos sistemas estelares binários, os cientistas foram capazes
de demonstrar que o enxame globular do qual fazem parte não era tão antigo
quanto outros modelos sugeriram.
Os modelos BPASS, desenvolvidos
em colaboração com o Dr. JJ Eldridge da Universidade de Auckland, já se haviam
mostrado eficazes na exploração das propriedades de populações estelares jovens
em ambientes que vão desde a nossa Via Láctea até ao limite do Universo. Discutindo os modelos BPASS e as
suas descobertas, a Dra. Elizabeth Stanway, do Grupo de Astronomia e
Astrofísica da Universidade de Warwick, investigadora principal destes achados,
comenta:
"A determinação das idades
das estrelas esteve sempre dependente da comparação das observações com os
modelos que encapsulam a nossa compreensão de como as estrelas se formam e
evoluem. Essa compreensão tem mudado ao longo do tempo e estamos cada vez mais
conscientes dos efeitos da multiplicidade estelar - as interações entre as
estrelas e as suas companheiras binárias e terciárias."
A Dra. Stanway sugere que as
descobertas deste estudo apontam para novas avenidas de investigação sobre como
as galáxias massivas e as estrelas aí contidas se formam:
"É importante notar que
ainda há muito trabalho a fazer - em particular, olhar para os sistemas muito
próximos, onde podemos resolver estrelas individuais em vez de apenas
considerar a luz integrada de um enxame - mas este é um resultado interessante
e intrigante. A ser verdade, muda a nossa
imagem dos estágios iniciais da evolução das galáxias e o local onde as
estrelas que acabaram nas galáxias massivas de hoje, como a Via Láctea, podem
ter-se formado.
O nosso objetivo é continuar esta investigação, explorando tanto as melhorias na modelagem como as previsões observáveis que delas podem surgir."
O nosso objetivo é continuar esta investigação, explorando tanto as melhorias na modelagem como as previsões observáveis que delas podem surgir."
O artigo científico foi aceito
para publicação pela revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
e está disponível online.
FONTE: ASTRONOMIA ONLINE
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