O maior jato de buraco negro já detectado no universo primordial
Os astrônomos fizeram uma
descoberta impressionante ao identificar o maior jato lançado por um buraco
negro já observado no universo primitivo. Esse jato, que se estende por
incríveis 200.000 anos-luz, existia quando o universo tinha apenas 1,2 bilhões
de anos. Para colocar em perspectiva, ele é duas vezes mais longo do que a
largura da nossa Via Láctea.
O maior jato de rádio já detectado no universo primitivo, capturado por uma rede de telescópios. (Crédito da imagem: LOFAR/DECaLS/DESI Legacy Imaging Surveys/LBNL/DOE/CTIO/NOIRLab/NSF/AURA/F. Sweijen (Durham University) Processamento da imagem: M. Zamani (NSF NOIRLab))
O que torna essa descoberta ainda
mais intrigante é o fato de que o buraco negro que gera o quasar de onde o jato
emerge, identificado como J1601+3102, é relativamente pequeno. Embora “pequeno”
seja uma palavra relativa quando se fala de buracos negros supermassivos
alimentando quasares, já que ele possui uma massa equivalente a 450 milhões de
sóis.
Anniek Gloudemans, líder da
equipe de pesquisa do NOIRLab, destacou que não é necessário um buraco negro de
massa extrema para gerar jatos tão potentes no universo jovem. Isso nos faz
pensar que até mesmo buracos negros “menores” podem fazer um grande estrago no
cosmos!
Desvendando os Jatos de
Buracos Negros Supermassivos
Embora se acredite que todas as
grandes galáxias possuam um buraco negro supermassivo em seu centro, com massas
que variam de milhões a bilhões de vezes a do Sol, nem todos esses gigantes
cósmicos alimentam quasares. Os quasares se formam quando buracos negros
supermassivos estão cercados por uma rica quantidade de gás e poeira, criando
um disco de acreção ao seu redor. O imenso peso do buraco negro gera forças de
maré e um atrito colossal nesse disco, aquecendo-o ao ponto de brilhar
intensamente.
Curiosamente, nem todo o material
do disco de acreção é engolido pelo buraco negro; parte dele é canalizado para
os polos por campos magnéticos potentes. Essas partículas são aceleradas a
velocidades próximas à da luz e são ejetadas dos polos como jatos gêmeos
altamente colimados.
Esses jatos são visíveis a
grandes distâncias por telescópios de rádio e são uma visão comum no universo
local. Contudo, no universo primitivo, quando o cosmos tinha menos de 10% da
sua idade atual de 13,8 bilhões de anos, eles têm sido um pouco mais difíceis
de detectar. Por isso, a observação do jato de J1601+3102 é tão significativa.
Uma Detecção Inovadora com
Telescópios de Rádio
O jato que emerge de J1601+3102
foi inicialmente observado pelo Low-Frequency ARray (LOFAR) Telescope, uma rede
de telescópios de rádio espalhados pela Europa. Esta detecção pioneira foi
complementada pelo espectrógrafo de infravermelho próximo Gemini (GNIRS) e o
Telescópio Hobby Eberly, que tentou observá-lo em luz visível.
Gloudemans explicou que a busca
por quasares com jatos de rádio fortes no universo primitivo é crucial para
entender como e quando os primeiros jatos se formaram e como eles impactaram a
evolução das galáxias. Ela adicionou que é devido à natureza extrema desse
objeto que podemos observá-lo da Terra, mesmo estando tão distante.
Os pesquisadores destacaram que a
combinação da capacidade de múltiplos telescópios em diferentes comprimentos de
onda foi essencial para essa descoberta. Esta colaboração não só revelou esse
jato colossal, mas também ilustrou o poder do LOFAR quando utilizado em
sinergia com outros instrumentos. É como se a equipe tivesse encontrado uma
agulha no palheiro cósmico, usando um conjunto de ímãs superpotentes.
Características Únicas do
Quasar e Seus Jatos
Um dos objetivos principais das
observações subsequentes foi determinar as características do quasar e do
buraco negro supermassivo que o alimenta. Até agora, a equipe determinou que o
buraco negro tem uma massa de 450 milhões de massas solares, mas também esperam
descobrir a taxa de acreção, ou seja, a velocidade com que ele está “devorando”
matéria.
Além disso, os cientistas
descobriram que os jatos não são completamente gêmeos. Um deles é mais curto e,
curiosamente, um dos lóbulos do jato é mais brilhante que o outro. Isso pode
indicar que o ambiente extremo ao redor do buraco negro supermassivo afeta os
jatos de maneira diferente. Frits Sweijen, de Durham University, mencionou que
ao começar a investigar esse objeto, esperavam que o jato sul fosse apenas uma
fonte próxima não relacionada, mas a imagem do LOFAR revelou estruturas de
rádio grandes e detalhadas, desafiando as expectativas iniciais.
Este estudo inovador foi
publicado em 6 de fevereiro no The Astrophysical Journal Letters, destacando a
importância de reunir dados de múltiplos telescópios para desvendar os
mistérios do universo primitivo.
Hypescience.com
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