Investigadores estudam as "receitas" da formação estelar
A observação de mais de 1.000 regiões onde se formam estrelas de grande massa permite pela primeira vez um estudo estatisticamente relevante dos diferentes processos de formação
Colagem de muitos dos jovens
enxames estelares observados com o ALMA como parte do levantamento ALMAGAL. Crédito:
ESO/ALMA/ALMAGAL, C. Mininni
No projeto ALMAGAL, uma equipa
internacional de investigação vai analisar observações de mais de mil
"fábricas estelares" para compreender melhor a origem e a formação de
novas estrelas. A maioria dos estudos anteriores centrou-se na formação de
estrelas específicas em determinadas regiões. Os dados do projeto ALMAGAL
permitem aos investigadores analisar toda a diversidade de processos
subjacentes à formação estelar.
As estrelas são grandes bolas de
plasma - reatores nucleares estelares que iluminam o Universo. Formam-se em
enormes nuvens de gás e poeira, que colapsam e se dividem em fragmentos mais
pequenos. A compreensão total deste processo é ainda difícil. O novo estudo
geral, que analisa dados de mais de 1000 "berçários estelares",
contribuirá para resolver esta questão.
As nuvens de gás e poeira a
partir das quais nascem novas estrelas funcionam como fábricas industriais. São
utilizados blocos de construção simples destas nuvens - como o hidrogénio, o
hélio e pequenas quantidades de elementos mais pesados - para produzir
formações mais complexas, como as estrelas e os seus precursores.
No entanto, a forma como cada
"fábrica" funciona e os resultados podem ser muito diferentes. Cada
região de formação estelar pode trabalhar a velocidades diferentes e com
estruturas muito diferentes. Os seus "produtos" - as estrelas - têm
massas, temperaturas e composições diferentes. Estas flutuações inspiraram os
astrónomos a tentar descobrir o que acontece exatamente no interior das
fábricas e a explicar as diferenças.
Para compreender os processos
complicados e regionalmente diferentes envolvidos na formação estelar, a equipa
do ALMAGAL registou e analisou dados do maior número possível de fábricas
estelares. Pretendem investigar os mecanismos subjacentes a todos os tipos de
fábricas de estrelas para descobrir "receitas" gerais para a formação
estelar. Será que é possível generalizar os resultados do estudo? A análise
incluiu observações detalhadas de cerca de 1000 regiões de formação estelar,
três a quatro vezes mais do que todos os estudos anteriores combinados.
"Agora que os resultados das
primeiras análises estão disponíveis, podemos pela primeira vez realizar
estudos estatisticamente relevantes para compreender as diferentes maneiras de
formação estelar e como o seu ambiente afeta este processo", disse o
professor Dr. Peter Schilke do Instituto de Astrofísica da Universidade de
Colónia.
"O ALMAGAL fornece uma
enorme quantidade de dados que nos permite olhar para um grande número de
protoestrelas em pormenor. Isto marca o início de uma nova era de astrofísica
de precisão através da análise das suas impressões digitais moleculares",
explicou a Dra. Beth Jones da mesma instituição, que é responsável pela análise
das temperaturas.
O ALMAGAL utiliza dados do
observatório internacional ALMA (Atacama Large Millimeter/Submillimeter Array).
O ALMA está localizado a uma altitude de 5000 metros no Cerro Chajnantor, no
deserto chileno de Atacama. Não observa a luz visível, mas examina os comprimentos
de onda milimétricos e submilimétricos que são invisíveis ao olho humano. Isto
torna o ALMA ideal para observar objetos cósmicos frios, como a poeira e o gás
das fábricas de estrelas, que só brilham nestes comprimentos de onda longos.
Como o ALMA também combina a luz
de diferentes antenas que podem estar separadas por quilómetros, pode detetar
detalhes muito finos. O ALMA é operado por um consórcio de institutos
internacionais da Europa (representado pelo ESO), América do Norte (EUA, Canadá)
e Ásia Oriental (Japão, Taiwan, Coreia do Sul).
Astronomia OnLine
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