Estudo Encontra Elo de Ligação Entre os Canais Recentes de Marte e o Dióxido de Carbono

Uma quantidade crescente de imagens feitas pela sonda da NASA Mars Reconnaisance Orbiter revela que o tempo de uma nova atividade em um tipo enigmático de canais em Marte implica que o congelamento de dióxido de carbono, ao invés de água, é o agente causador dos fluxos recentes de areia. Os pesquisadores têm perseguido mudanças ocorridas nos canais ao invés de buscar por alterações nas dunas de areia em sete locais no hemisfério sul de Marte. Os períodos em que as mudanças ocorreram como determinados pela comparação de imagens feitas antes e depois, sobrepõem em todos os casos com o conhecido congelamento de dióxido de carbono em dunas durante o inverno. O par de imagens antes e depois que cobrem somente períodos de primavera, verão e outono não mostram essa nova atividade nas estações.
“Canais parecidos com os que são encontrados na Terra e que aqui são causados pelo fluxo de água, em Marte são diferentes, já que esse é um outro planeta”, disse Serina Diniega, principal autora do artigo que relata essas descobertas e que é publicado na edição de Novembro de 2010 da revista especializada Geology. Ela analisou esses canais enquanto era estudante na University of Arizona em Tucson e recentemente se juntou ao Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, California. “O momento que vimos pontos para o dióxido de carbono e se o mecanismo está associado ao congelamento do dióxido de carbono nessas dunas de canais pode ser verdade também para outros canais em Marte”.
Os cientistas têm sugerido várias explicações para os canais modernos em Marte, desde que os canais recentes foram descobertos em imagens feitas pela sonda da NASA Mars Global Surveyor em 2000. Alguns dos mecanismos propostos envolvem a água, alguns envolvem o dióxido de carbono e outros os dois elementos. Alguns canais recentes estão nas dunas de areia, normalmente começando em uma crista. Outros são desfiladeiros rochosos, como as paredes internas de crateras e algumas vezes começam na descida de um desses desfiladeiros.
Diniega e os co-autores na University of Arizona e no Applied Physics Laboratory da Johns Hopkins University em Laurel, Md, focaram seus estudos nos canais de dunas que são formados como canais rochosos nos desfiladeiros, com uma alcova no topo, um canal ou múltiplos canais no centro e um leque na parte inferior. Os 18 canais de dunas onde os pesquisadores observaram uma nova atividade varia de tamanho entre 50 metros a mais de 3 quilômetros de comprimento.
“A alcova é uma incisão no topo”, disse Diniega. “O material está sendo removido dessa parte e sendo despejado pelo leque na parte inferior”.
Pelo fato dos novos fluxos nesses canais acontecerem no inverno, ao invés de ocorrerem em épocas quando qualquer água congelada provavelmente derreteria, o novo artigo clama por estudos de como o dióxido de carbono no lugar da água poderia estar envolvido nesse fluxo. Algumas partes de dióxido de carbono da atmosfera marciana congelam no solo durante o inverno e sublimam de volta ao seu estado gasoso à medida que a primavera se aproxima. As dunas estudadas estão localizadas em 40 graus de latitude sul.
“Uma possibilidade é que um amontoado de dióxido de carbono congele se acumulando na duna tornando-se espesso o suficiente para gerar uma avalanche e assim trazer outros materiais com ele”, disse Diniega. Outra possibilidade de mecanismos sugeridos se dão conta que o gás do gelo sublimado poderia lubrificar os canais permitindo um fluxo de areia seca ou irromper em jatos com energia suficiente para acionar os deslizamentos de terra. Com a identificação sempre maior de números de localizações, imagens antes e depois têm documentada as mudanças dos canais marcianos. O novo artigo usa imagens da Mars Orbiter Camera a bordo da Mars Global Surveyor, que operou de 1997 a 2006 e da High Resolution Science Imaging Experiment (HiRISE) e a Context Camera que se encontram a bordo da Mars Reconnaissance Orbiter que começou a examinar Marte em 2006.
“A Mars Reconnaissance Orbiter está permitindo valiosos estudos das mudanças sazonais ocorridas na superfície de Marte”, disse Sue Smrekar do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, California. “Um elemento chave para fazer o que tem sido feito é a capacidade de apontar de um lado para outro, assim os alvos prioritários podem ser analisados com mais frequência do que quando a sonda somente faz imagens do que está diretamente abaixo dela. Outra característica importante é o tempo de duração da pesquisa que usou dados desde 1997 com a Surveyor até hoje com a MRO”.

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