Centro da nossa galáxia é mortal para seres vivos?
Quando buracos negros absorvem a matéria, emitem uma
radiação tão forte que é capaz de "esterilizar" todos os planetas ao
seu redor. Esta teoria também se aplica ao buraco negro gigante que domina o
centro da Via Láctea.
É melhor não se aproximar de
grandes buracos negros. E não só pelas razões já conhecidas — sua incrível
força de gravidade capaz de "devorar" sistemas solares inteiros — mas
também porque, enquanto estão em processo de "absorção" da matéria,
emitem radiação ionizante intensa que é capaz de matar qualquer forma de vida
que se encontra à distância de milhões de quilômetros ao seu redor. Pelo menos,
tal conclusão é sugerida pelo artigo publicado na revista Scientific Reports.
De acordo com o artigo, Sagitário
A* é um dos buracos negros supergigantes que faz parte da maior estrutura no
centro da nossa galáxia. Seu tamanho é equivalente a quatro milhões de estrelas
similares ao nosso Sol, e sua radiação é tão intensa que poderia causar morte
de todos os seres vivos à distância de 10.000 anos-luz ao seu redor. Assim,
tudo que se encontra no raio do seu alcance não é capaz de escapar à radiação.
No entanto, há 8.000 milhões de
anos quando o buraco negro provavelmente estava no período do seu maior
crescimento, a Terra e o Sistema Solar ainda não eram formados.
Os autores do estudo,
astrofísicos Amedeo Balbi e Francesco Tombesi, da Universidade de Tor Vergata
(Roma, Itália), indicam que não são os buracos negros que na verdade emitem
radiação. É a própria matéria ao seu redor que antes de ser devorada,
acelera-se a velocidades extremas e se aquece, emitindo no espaço ventos de
raios X e luz ultravioleta tão intensos que poderiam literalmente
"arrancar" a atmosfera do nosso planeta se vivêssemos apenas 1.000
anos-luz de distância de Sagitário A*.
Felizmente, nosso Sistema Solar é
afastado do buraco negro cerca de 24.000 anos-luz, ou seja, localiza-se em
"subúrbios" da nossa galáxia. Esse fato nos permite escapar da
radiação de Sagitário A*.
Ao formular a hipótese sobre a
presença de vida no universo, os cientistas sempre levaram em conta a radiação
emitida por fontes poderosas tais como explosões de supernova ou focos de raios
de gama. Mas o efeito 'esterilizante' provocado por buracos negros nunca foi
levado em consideração.
"Esta consideração deve nos
impulsionar a atualizar o conceito de zona habitável da galáxia. Nem todas as
áreas da galáxia têm, de fato, o mesmo potencial de abrigar vida", explica
Balbi. Por um lado, o centro da galáxia
é considerado um lugar totalmente estéril. Mas por outro, quanto mais chegarmos
à borda da galáxia, diminui-se a densidade dos elementos pesados, necessários
para a vida. Assim, os astrônomos supõem que o
melhor lugar da Via Láctea para viver é a zona intermediária, ou seja, exatamente
onde se localiza nosso sistema solar.
Fonte: https://br.sputniknews.com
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