Primeira luz do ESPRESSO — o descobridor de planetas de próxima geração
O instrumento ESPRESSO (Echelle
SPectrograph for Rocky Exoplanet and Stable Spectroscopic Observations) acaba
de fazer as suas primeiras observações. Instalado no Very Large Telescope (VLT)
do ESO no Chile, o ESPRESSO irá procurar exoplanetas com uma precisão sem
precedentes, ao detectar variações minúsculas da luz das estrelas hospedeiras.
Pela primeira vez, um descobridor de planetas poderá combinar a luz coletada
pelos quatro telescópios do VLT. O ESPRESSO, instalado no Very
Large Telescope do ESO, viu a sua primeira luz no Observatório do Paranal no
norte do Chile. Este novo espectrógrafo echelle de terceira geração é o
sucessor do instrumento HARPS do ESO, instalado no Observatório de La Silla. O
HARPS, um instrumento de grande sucesso, atinge uma precisão de cerca de um
metro por segundo em medições de velocidade, enquanto que o ESPRESSO pretende
atingir uma precisão de apenas alguns centímetros por segundo, usando os
últimos avanços da tecnologia e aproveitando o fato de estar instalado num
telescópio muito maior.
O cientista principal do
ESPRESSO, Francesco Pepe da Universidade de Genebra, na Suíça, explica a
importância do instrumento: “O sucesso agora conseguido é fruto do trabalho de
muitas pessoas ao longo de 10 anos. O ESPRESSO não é apenas fruto da evolução
de instrumentos anteriores, como o HARPS, mas será verdadeiramente
transformador devido às suas resolução e precisão muito mais elevadas. E,
contrariamente a instrumentos anteriores, poderá explorar o poder coletor total
do VLT — uma vez que pode ser utilizado com o conjunto dos quatro Telescópios
Principais do VLT, que simulam assim um telescópio de 16 metros de diâmetro. O
ESPRESSO será um instrumento inigualável durante, pelo menos, uma década. Por
tudo isto, guardo impacientemente a descoberta do nosso primeiro planeta
rochoso!”
O ESPRESSO pode detectar
variações minúsculas no espectro das estrelas à medida que seus planetas as
orbitam. Este método das velocidades radiais funciona bem porque a atração
gravitacional de um planeta influencia a sua estrela hospedeira, fazendo com
que esta “oscile” ligeiramente. Quanto menos massivo for o planeta, menor será
esta oscilação, por isso, para que possamos detectar exoplanetas rochosos capazes
de suportar vida tal como a conhecemos, necessitamos de um instrumento de muito
alta precisão. Com este método, o ESPRESSO será capaz de detectar alguns dos
planetas mais leves já encontrados.
As observações de teste incluiram
observações de estrelas e sistemas planetários conhecidos. Comparações feitas
com dados HARPS existentes, mostraram que o ESPRESSO consegue obter dados de
qualidade semelhante para tempos de exposição muito menores. O cientista do instrumento,
Gaspare Lo Curto (ESO), está radiante: ”Trazer o ESPRESSO até aqui foi um feito
extraordinário; tratou-se do trabalho conjunto de um consórcio internacional,
além de muitos grupos diferentes do ESO: engenheiros, astrônomos e
administração. Foi preciso não só instalar o espectrógrafo propriamente dito,
mas também a sua óptica extremamente complexa, que combina a luz coletada pelos
quatro Telescópios Principais do VLT.”
Apesar do objetivo principal do
ESPRESSO ser levar a procura de planetas ao próximo nível, ao encontrar e
caracterizar planetas menos massivos e as suas respectivas atmosferas, o
instrumento terá também muitas outras aplicações. Será a ferramenta mais
potente para testar se as constantes físicas da natureza variaram desde a época
em que o Universo era jovem. Tais variações pequenas estão previstas em algumas
teorias da física fundamental, mas nunca foram observadas de forma convincente. Quando o Extremely Large
Telescope do ESO estiver operacional, o instrumento HIRES, que se encontra
atualmente em estudo, poderá detectar exoplanetas ainda menores, de tamanho
semelhante à Terra, usando o método das velocidades radiais.
Fonte: ESO
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