Os buracos negros morrem?
Qual é o fim de um buraco negro? Se eles têm uma data de validade, como ocorre seu fim?
Existem algumas coisas no
Universo que não podemos escapar. A morte... a criação de novas estrelas... e é
claro, os buracos negros. Os buracos negros têm um apetite
voraz. Eles consomem qualquer coisa, e tudo que eles encontram em sua galáxia
vai sendo consumido. E isso faz com que ele fique mais massivo, e com isso, seu
poder gravitacional aumenta cada vez mais. Um ciclo sem fim. Uma vez que você
atravessa o horizonte de eventos, você não sai mais. Nem mesmo a luz pode
escapar de seu poder.
Mas será que os buracos negros têm um ponto fraco?
Na década de 1970, o
físico-teórico Stephen Hawking realizou uma descoberta notável através de
cálculos matemáticos complexos e um pouco de mecânica quântica: os buracos
negros brilham ligeiramente, e dado tempo suficiente, eles se dissolvem.
Até que enfim! Então quer dizer
que até mesmo um buraco negro morre certo? Essa teoria ganhou o nome de
"Radiação Hawking". Mas como ela funciona?
Os cálculos explicam tudo. Mas
matemática, física e mecânica quântica não é algo que se aprende de uma hora
pra outra. Então pra todo mundo entender como a Radiação Hawking funciona,
podemos dizer que no vácuo, um par de "partículas virtuais" aparecem
do nada, e ao colidirem entre si, desaparecem da mesma forma. Sim, parece
mágica né?
Mas de vez em quando, um par
dessas partículas virtuais surgem perto de um horizonte de eventos, e às vezes,
uma delas cai pra dentro do buraco negro, e a outra fica solta. Incapaz de
colidir com seu par pra evaporar, o fugitivo se torna uma partícula comum e não
virtual. Isso faz o buraco negro "brilhar", e também faz com que ele
ceda parte de sua matéria. Ao longo dos eons, os buracos negros então se
dissolvem. Mas tem algumas coisas que
não fazem sentido, não é mesmo? Que tal irmos um pouco mais a fundo?
Radiação de Hawking
Primeiramente, "partículas
virtuais" não são partículas, e nem são virtuais também. Na teoria
quântica (que busca entender como as partículas e as forças funcionam), todo
tipo de partícula está associada a um campo que permeia todo o espaço-tempo.
Esses campos são ativos e vivos, e são mais importantes do que a própria
partícula em si. Podemos pensar em partículas como "excitações" ou "vibrações"
de um campo ao seu redor.
Quando esses campos se mexem, os
movimentos viajam de um lugar a outro, e isso é o que chamamos de partícula.
Quando o campo dos elétrons vibra, temos um elétron. Quando o campo
eletromagnético vibra, temos um fóton, e por aí vai...
Às vezes, no entanto, essas
vibrações falham e não fazem nada, antes mesmo de gerar uma partícula, por
exemplo. Sim, o espaço-tempo é cheio de falhas nos campos de partículas. Sim,
podem não ser falhas, mas por enquanto vamos tratar como se assim fossem...
Algumas dessas "vibrações
falhadas" podem ficar presas durante a formação de um buraco negro,
aparecendo no horizonte de eventos, e assim, "sobrevivem" e escapam.
Mas devido a dilatação intensa do espaço-tempo causada pelo buraco negro, elas
parecem sair de lá muito mais no futuro.
Isso as torna partículas normais,
e é basicamente assim que funciona a "radiação Hawking", e isso
explica como os buracos negros "perdem massa" através da ejeção de
radiação. Sim, esse é um assunto
complicado, complexo e controverso. Nem todos os cientistas acreditam e se
baseiam na teoria da Radiação Hawking, mas ela existe e essa é sua explicação
básica.
Mas afinal, qual é o fim de um buraco negro?
De acordo com a teoria de
Hawking, todos os buracos negros se dissolvem, mas isso leva muito tempo. Um
buraco negro com massa igual a do Sol, levaria muitos milhões ou até bilhões de
anos para se dissolver. Já um buraco negro pequeno, com massa igual a da famosa
Torre Eiffel, por exemplo, evaporaria em cerca de um dia.
No entanto, de acordo com a
Teoria de gauge, a radiação emitida por um buraco negro é uma radiação comum.
Se isso for correto, então os cálculos matemáticos de Stephen Hawking teriam de
ser corrigidos, além de que ela afirma que nem todo buraco negro
desaparece. A Teoria de gauge afirma
que, um buraco negro com massa igual a do Sol teria uma temperatura igual a 60
nanokelvin, e nesse caso, ele absorve mais radiação cósmica do que emite, com
isso, não evaporaria.
Um buraco negro com massa igual a
da Lua, teria temperatura de 2,7 kelvins, portanto estaria em equilíbrio. Já um
buraco negro menor do que isso, como um buraco negro primordial - aquele
formado não pelo colapso gravitacional de uma estrela mas sim pelo acúmulo de
matéria presente durante a expansão inicial do Universo - emitiria mais energia
do que absorve, e assim, perderia massa até "evaporar".
Qual teoria está certa? Não
sabemos ao certo... talvez leve muitos e muitos anos até que cheguemos numa
conclusão a cerca disso. Mas uma coisa parece certa: os buracos negros podem
sim "morrer", e quanto menor for sua massa, mais rápido isso pode
acontece.
Fonte: Central da Ciência
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