Radiogaláxia mais distante é descoberta por astrônomos brasileiros
À esquerda: imagem em
comprimento de onda infravermelho da região onde se encontra a rádio galáxia.
As elipses no centro mostram a emissão detectada em comprimentos de onda de
rádio. À direita, acima: imagem em comprimento de onda ultravioleta obtida no
Observatório Gemini, onde é possível ver a galáxia em verde e amarelo. O
gráfico à direita mostra a intensidade da linha de emissão de hidrogênio
detectada. [Imagem: A. Saxena et al. - 10.1093/mnras/sty1996
Radiogaláxias
Astrônomos brasileiros e holandeses descobriram a radiogaláxia mais
distante da Terra, a 12,4 bilhões de anos-luz, quando o Universo tinha apenas
7% da sua idade e tamanho atuais. Batizada de TGSS J1530+1049, ela bateu o recorde da TN J0924-2201,
descoberta em 1999, a 12,2 bilhões de anos-luz. Encontrar esse tipo de objeto é importante porque ele diz muito sobre a
formação das galáxias e seus buracos negros centrais logo após o Big Bang, a
grande explosão que teria ocorrido entre 13,3 e 13,9 bilhões de anos atrás e
dado origem ao cosmo.
Radiogaláxias são objetos nos quais existe um buraco negro de grande
massa e em rotação rápida que emite radiação intensa principalmente nos comprimentos
de onda de rádio. Embora já se conheçam outras galáxias ainda mais distantes,
esta é a mais longínqua das radiogaláxias detectadas até o momento.
As radiogaláxias fazem parte da família das galáxias ativas, que se
distinguem das galáxias normais por apresentarem um brilho intenso em sua
região central, o qual não pode ser atribuído apenas à densidade das estrelas
ali localizadas.
No centro destas galáxias existe um buraco negro circundado por um
disco de gás, e a matéria inserida neste disco libera energia na forma de uma
radiação brilhante, o que não é observado em galáxias normais. Esta radiação e
as partículas energéticas expelidas pelo sistema se apresentam na forma de
jatos ou lóbulos, que são detectados em comprimentos de onda de rádio, sendo as
radiogaláxias um exemplo deste fenômeno.
O trabalho foi realizado por Aayush Saxena, do Observatório de Leiden,
na Holanda, e Murilo Marinello, do Observatório Nacional (ON), sob supervisão
do professor Roderik Overzier, também do ON.
Radiotelescópios
A radiogaláxia foi pré-selecionada com base em observações feitas em
diferentes comprimentos de onda de rádio, que indicavam que ela teria um
espectro típico de objetos distantes. Entretanto, devido à sua longa distância,
a galáxia não havia sido detectada ainda em comprimentos de onda óptico nem
infravermelho.
A observação nestes comprimentos de onda exigiu a utilização do
espectrógrafo GMOS do telescópio Gemini Norte, no Havaí, que permitiu detectar
uma linha de emissão de hidrogênio da radiogaláxia, estabelecendo, assim, a sua
distância com alta precisão - existe também um Gemini Sul, instalado no Chile,
sendo que o Brasil é associado a ambos por meio do Laboratório Nacional de
Astrofísica (LNA).
A busca por essas radiogaláxias distantes é importante porque, no
futuro, radiotelescópios como o LOFAR (Low-frequency Array) e o SKA (Square
Kilometer Array) serão capazes de analisar seus espectros. Isso permitirá
estudar como a luz ionizante produzida pelas primeiras estrelas e galáxias do
universo afetou as propriedades do espaço durante a denominada "época da
reionização", um período muito importante da história do Universo, ainda
não bem compreendido.
Fonte: Inovação Tecnológica
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