Como buracos negros massivos nasceram, no início do universo?
Inacreditavelmente, a luz
liberada em torno dos primeiros buracos negros massivos é tão intensa que tem
viajado até nós por mais de 13 bilhões de anos-luz. Como esses monstruosos buracos
negros se formaram, no início do universo?
Novas pesquisas conduzidas por
cientistas do Instituto de Tecnologia da Geórgia (EUA), Universidade da Cidade
de Dublin (Irlanda), Universidade Estadual de Michigan (EUA), Universidade da
Califórnia em San Diego (EUA) e IBM apontam um caminho promissor para resolver
este enigma cósmico.
A equipe mostrou que, quando
galáxias se reúnem de forma extremamente rápida e por vezes violenta, isso pode
levar à formação de buracos negros muito massivos. Nestas galáxias raras, a
formação normal de estrelas é interrompida, dando lugar a formação destes
curiosos objetos.
Novo paradigma
Antes, os cientistas pesavam que
a formação maciça de buracos negros era limitada a regiões bombardeadas pela
poderosa radiação de galáxias próximas. O novo estudo, no entanto, indica que
buracos negros massivos se formam em densas regiões sem estrelas que estão
crescendo rapidamente.
Os principais critérios para
determinar onde esses buracos negros se formaram durante a infância do universo
se relacionam com o rápido crescimento de nuvens de gás pré-galácticas
precursoras de todas as galáxias atuais, significando que a maioria dos buracos
negros supermassivos tem uma origem comum.
A matéria escura colapsa em halos
que são a “cola” gravitacional de todas as galáxias. O rápido crescimento
inicial desses halos impede a formação de estrelas que competiriam com buracos
negros pela matéria gasosa que flui na área. Neste estudo, descobrimos um
mecanismo totalmente novo que desencadeia a formação de buracos negros maciços
em determinados halos de matéria escura”, resumiu John Wise, um dos autores da
pesquisa do Instituto de Tecnologia da Geórgia.
Simulação
A equipe de pesquisa encontrou
esses locais de formação de buracos negros usando simulações do conjunto de
dados Renaissance Simulation, criado no supercomputador Blue Waters entre 2011
e 2014 para ajudar os cientistas a entender como o universo evoluiu durante
seus primeiros anos.
“As teorias anteriores sugeriam
que isso só deveria acontecer quando os locais fossem expostos a altos níveis
de radiação de formação de estrelas. À medida que nos aprofundávamos, vimos que
esses locais estavam passando por um período de crescimento extremamente
rápido. Essa era a chave. A natureza violenta e turbulenta desse rápido
crescimento impediu a formação normal de estrelas e levou a condições perfeitas
para a formação de buracos negros.
Esta pesquisa muda o paradigma e abre toda
uma nova área de pesquisa”, esclareceu John Regan, outro pesquisador da
Universidade da Cidade de Dublin. Enquanto
a radiação UV ainda é um fator, nosso trabalho mostrou que não é o fator
dominante, pelo menos em nossas simulações”, complementou Michael Norman,
diretor do Centro de Supercomputadores da Universidade da Califórnia em San
Diego.
Estudando os halos
Para aprender mais sobre regiões
específicas onde os buracos negros maciços foram propensos a se desenvolver, os
pesquisadores examinaram os dados da simulação e encontraram dez halos
específicos de matéria escura que deveriam ter formado estrelas devido a suas
massas, mas continham apenas uma densa nuvem de gás.
Usando o supercomputador
Stampede2, eles simularam novamente dois desses halos – cada um com cerca de
2.400 anos-luz de diâmetro – com uma resolução muito maior para entender os
detalhes do que aconteceu neles 270 milhões de anos após o Big Bang.
“Foi somente nessas regiões
excessivamente densas do universo que vimos esses buracos negros se formando”,
disse Wise. “A matéria escura cria a maior parte da gravidade, e então o gás
cai nesse potencial gravitacional, onde pode formar estrelas ou um enorme buraco
negro”.
A resolução melhorada da
simulação feita nas duas regiões candidatas permitiu aos cientistas ver a
turbulência e o influxo de gás e aglomerados de matéria se formando à medida
que os precursores do buraco negro começaram a se condensar e girar,
confirmando sua taxa de crescimento dramática.
Próximos passos
Outro aspecto da pesquisa é que
os halos que dão origem a buracos negros podem ser mais comuns do que se
acreditava anteriormente. Um componente interessante deste
trabalho é a descoberta de que esses tipos de halos, embora raros, podem ser
bastante comuns”, afirmou Brian O’Shea, professor da Universidade Estadual de
Michigan. “Nós prevemos que este cenário é frequente o suficiente para ser a
origem dos buracos negros mais massivos observados, tanto no início do universo
quanto nas galáxias atuais”.
Trabalhos futuros com essas
simulações devem examinar o ciclo de vida dessas galáxias de formação de
buracos negros, estudando o crescimento e a evolução desses primeiros buracos
negros ao longo do tempo.
As simulações do Renaissance
Simulation são suficientemente ricas para que outras descobertas possam ser
feitas usando os dados já computados. “Por essa razão, criamos um arquivo
público onde outros podem fazer perguntas por conta própria”, disse Norman.
Um artigo com as descobertas do
estudo foi publicado na revista científica Nature.
Fonte: hypescience.com
[Phys]
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