Astrofísicos anunciam descoberta que poderia reescrever a história de como as galáxias morrem
A
pesquisadora e professora de física e astronomia Allison Kirkpatrick, da
Universidade do Kansas (EUA), fez uma descoberta surpreendente que parece
derrubar suposições sobre como galáxias amadurecem e morrem. Ela
encontrou algo que está chamando de “quasares frios” – galáxias com uma
abundância de gás frio que ainda podem produzir novas estrelas, apesar de ter
um quasar no centro.
Tais
quasares podem representar uma fase até então desconhecida do ciclo de vida de
toda galáxia.
Quasar
Um
quasar, ou “fonte de rádio quase estelar”, é essencialmente um buraco negro
supermassivo mega agitado. Gás caindo em direção a um quasar no centro de uma
galáxia forma um “disco de acreção” que pode lançar uma quantidade
incompreensível de energia eletromagnética, muitas vezes com uma luminosidade
centenas de vezes maior que uma galáxia típica.
Normalmente,
a formação de um quasar é semelhante a uma aposentadoria galáctica – os
cientistas pensam que isso sinaliza o fim da capacidade de uma galáxia de
produzir novas estrelas.
“Todo
o gás que está se acumulando no buraco negro está sendo aquecido e emitindo
raios-X”, esclarece Kirkpatrick. “Algo que está emitindo raios-X é uma das
coisas mais quentes do universo. Esse gás começa a acender no buraco negro e
começa a se mover em velocidades relativísticas. Também tem um campo magnético
ao redor deste gás.
Da
mesma forma que há erupções solares, pode ter jatos de material subindo através
desses campos magnéticos e sendo atirados para longe do buraco negro. Estes
jatos essencialmente sufocam o suprimento de gás da galáxia, então não há mais
como formar novas estrelas. Depois que uma galáxia parou de formar estrelas,
dizemos que está passivamente morta”.
O
problema é que a pesquisa de Kirkpatrick trouxe uma surpresa: ao analisar
galáxias, ela percebeu que cerca de 10% das que hospedam buracos negros
supermassivos tinham uma fonte de gás frio remanescente após entrar nessa fase,
e ainda estavam criando novas estrelas.
Como assim?
Kirkpatrick
identificou os objetos usando o mapa digital Sloan Digital Sky Survey, o mais
detalhado do universo disponível. Em seguida, vasculhou a região com o
telescópio XMM Newton, examinando os raios-X. Por fim, utilizou o telescópio
espacial Herschel, um telescópio de infravermelho distante, para detectar
poeira e gás na galáxia.
Algumas
das galáxias têm assinaturas de fusão óbvias, algumas se parecem muito com a
Via Láctea e têm braços espirais muito óbvios, e algumas são realmente
compactas. Desta população diversa, mais 10% estão com “quasares frios” ainda
produzindo estrelas, o que é realmente único e inesperado.
“Estas
são fontes muito compactas, azuis, luminosas. Se parecem exatamente como você
esperaria que um buraco negro supermassivo parecesse nos estágios finais depois
de ter apagado todas as estrelas em uma galáxia. Estão evoluindo para uma
galáxia elíptica passiva, no entanto, encontramos também muito gás frio nelas.
Essa é a população que estou chamando de ‘quasares frios’”, afirma a
pesquisadora.
A
astrofísica suspeita que os “quasares frios” representam um breve período ainda
a ser reconhecido nas fases finais do tempo de vida de uma galáxia – em termos
de vida humana, seria algo como uma “festa de aposentadoria”.
“Essas
galáxias são raras porque estão em fase de transição – nós as capturamos logo
antes da formação de estrelas na galáxia ser extinta e esse período de
transição deve ser muito curto”, disse Kirkpatrick.
Suposições
As
descobertas dão aos cientistas uma nova compreensão e detalhes de como a
extinção da formação de estrelas nas galáxias ocorre, subvertendo os
pressupostos sobre os quasares.
“Já
sabíamos que os quasares passavam por uma fase obscura de poeira”, conta
Kirkpatrick. “Sabíamos que eles passavam por uma fase muito encoberta onde a
poeira cerca o buraco negro supermassivo. Chamamos isso de fase vermelha.
Agora, encontramos esse regime de transição único que não conhecíamos. Antes,
se você dissesse a alguém que havia encontrado um quasar luminoso com uma cor
azul ótica – mas ainda com muita poeira, gás e formação estelar -, elas diriam:
‘Não, não é assim que deve ser’”.
Os
próximos passos são determinar se a fase de “quasar frio” acontece com uma
classe específica de galáxias, ou com todas as galáxias.
“Parece
que esses objetos estão soprando sua própria poeira – então nós vemos isso como
um objeto azul -, mas ainda não explodiram toda a poeira e gás nas galáxias
hospedeiras. Esta é uma fase de transição, digamos de 10 milhões de anos. Em
escalas de tempo universais, é um período realmente curto – e é difícil
detectar esse tipo de coisa. Estamos fazendo o que chamamos de pesquisa cega
para encontrar objetos que não estávamos procurando. E ao encontrá-los, isso
poderia implicar que acontece com todas as galáxias”, conclui Kirkpatrick.
Fonte: Hypescience.com
[Phys]
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