ALMA revela novos pormenores das erupções de Proxima Centauri
A pouco mais de quatro anos-luz, Proxima Centauri é a estrela que está mais perto do nosso Sol, conhecida por ser uma anã M muito ativa. As suas erupções são bem conhecidas dos astrónomos que utilizam comprimentos de onda visíveis da luz.
Ilustração de uma erupção estelar
na estrela Proxima Centauri. Crédito: NSF/AUI/NRAO da NSF/S. Dagnello
No entanto, um novo estudo utilizando
observações com o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) realça a
atividade extrema desta estrela em comprimentos de onda rádio e no milimétrico,
oferecendo informações excitantes sobre a natureza destas erupções, bem como
sobre os potenciais impactos na habitabilidade dos seus planetas terrestres da
zona habitável.
Conhecida por albergar um planeta
potencialmente habitável, a estrela exibe uma grande atividade no visível. Tal
como as erupções do nosso Sol, estes surtos libertam energia em todo o espetro
eletromagnético e partículas energéticas estelares. Dependendo da energia e da
frequência destas erupções, os planetas na zona habitável podem tornar-se
inabitáveis, uma vez que as erupções retiram às atmosferas planetárias
ingredientes necessários, como o ozono e a água.
Uma equipa científica liderada
por Kiana Burton, da Universidade do Colorado, e Meredith MacGregor, da
Universidade Johns Hopkins, utilizou dados de arquivo e novas observações do
ALMA para estudar a atividade dos surtos nos comprimentos de onda milimétricos
de Proxima Centauri. O pequeno tamanho da estrela e o seu forte campo magnético
indicam que toda a sua estrutura interna é convectiva (ao contrário do Sol, que
tem camadas convectivas e não convectivas), o que torna a estrela muito mais
ativa. Os seus campos magnéticos ficam torcidos, desenvolvem tensão e acabam
por se romper, enviando fluxos energéticos e partículas para o exterior naquilo
que é observado como erupções.
"A atividade do nosso Sol
não remove a atmosfera da Terra e, em vez disso, provoca belas auroras porque
temos uma atmosfera espessa e um forte campo magnético para proteger o nosso
planeta. Mas as erupções de Proxima Centauri são muito mais poderosas e sabemos
que tem planetas rochosos na zona habitável. O que é que estas erupções estão a
fazer às suas atmosferas? Haverá um fluxo tão grande de radiação e partículas
que a atmosfera está a ser quimicamente modificada, ou talvez completamente
destruída?" disse MacGregor.
Esta investigação representa o
primeiro estudo multicomprimento de onda que utiliza observações milimétricas
para desvendar um novo olhar sobre a física das erupções. Combinando 50 horas
de observações do ALMA, utilizando tanto o conjunto completo de 12 metros como
o ACA (Atacama Compact Array) de 7 metros, foi registado um total de 463
eventos eruptivos com energias entre 1024 e 1027 erg, e com uma duração breve
entre 3 e 16 segundos.
"Quando vemos as erupções
com o ALMA, vemos a radiação eletromagnética - a luz em vários comprimentos de
onda. Mas se olharmos mais profundamente, estas erupções no rádio também nos
dão uma forma de rastrear as propriedades dessas partículas e perceber o que
está a ser libertado pela estrela", diz MacGregor. Para isso, a equipa
caracterizou a chamada distribuição de frequência das erupções da estrela para
mapear o número de surtos em função da sua energia.
Tipicamente, a inclinação desta
distribuição tende a seguir uma função de lei de potência: as erupções mais
pequenas (menos energéticas) ocorrem com mais frequência, enquanto as maiores e
mais energéticas ocorrem com menos regularidade. Proxima Centauri tem tantas
erupções que a equipa detetou muitas dentro de cada intervalo de energia. Além
disso, a equipa foi capaz de quantificar a assimetria das erupções mais
energéticas da estrela, descrevendo como a fase de decaimento dos surtos era
muito mais longa do que a fase inicial da explosão.
As observações no rádio e nos
comprimentos de onda milimétricos ajudam a determinar as energias associadas a
estas explosões e às partículas. MacGregor salientou o papel fundamental do
ALMA: "As erupções milimétricas parecem muito mais frequentes. É uma lei
de potência diferente da que vemos nos comprimentos de onda óticos. Se olharmos
apenas para os comprimentos de onda óticos, estamos a perder informação
crítica. O ALMA é o único interferómetro milimétrico suficientemente sensível
para estas medições".
Astronomia OnLine
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