Nasa faz cálculo preciso da probabilidade de impacto de asteroide com a Terra
Chances do asteroide Bennu colidir com nosso planeta nos próximos 300 anos são pequenas, garante agência.
Obtida a partir de observações feitas pela sonda OSIRIS-REx, esta imagem ilustra o asteroide Bennu, cuja probabilidade de impacto com a Terra foi calculada por cientistas. Créditos: Nasa/Goddard/Universidade do Arizona
Por volta do ano 2135, o asteroide Bennu deverá chegar perto da orbita da Terra. Embora, a princípio, a aproximação não represente um perigo para o nosso planeta, é importante que os cientistas consigam entender a trajetória exata do objeto, a fim saber exatamante quais as são chances de haver um impacto de asteroide com o nosso planeta. Em um estudo divulgado nesta última quarta-feira, dia 11 de agosto, na revista Icarus, os pesquisadores da Nasa usaram dados obtidos pela missão OSIRIS-REx, do programa Novas Fronteiras da agência, para estudar os movimentos do Bennu até o ano 2300. Assim, eles puderam reduzir significativamente as incertezas relacionadas à órbita do asteroide, ajudando os cientistas a determinar a probabilidade total de impacto e prever as órbitas de outros objetos como esse.
“O objetivo da iniciativa de defesa planetária é encontrar e monitorar asteroides e cometas que podem se aproximar da Terra e representar um perigo para o nosso planeta”, disse Kelly Fast, gerente do programa de observação de objetos próximos à Terra em Washington. “Realizamos esse esforço por meio de pesquisas astronômicas contínuas que coletam dados para descobrir objetos até então desconhecidos e refinar nossos modelos orbitais para eles. A missão OSIRIS-REx forneceu uma oportunidade extraordinária para refinar e testar esses modelos. ”
Dessa maneira, os cientistas foram capazes de estudar detalhadamente a órbita de Bennu. Eles conseguiram determinar que, em geral, a probabilidade de impacto do asteroide até o ano 2300 é de cerca de 1 em 1.750 (ou 0,057%). Já em relação a uma data específica, o dia 24 de setembro de 2182 é o que apresenta maior risco de colisão, com uma probabilidade de 1 em 2.700 (ou cerca de 0,037%).
Suas chances de atingir a Terra são bastante baixas. Mesmo assim, o Bennu, junto do 1950 DA, continua sendo um dos asteroides mais perigosos do nosso sistemas solar.
Missão OSIRIS-REx
Antes de deixar Bennu em 10 de maio de 2021, a sonda OSIRIS-REx passou mais de dois anos próxima ao asteroide, coletando informações sobre seu tamanho ( aproximadamente 500 metros de largura), forma, massa e composição, enquanto monitorava sua trajetória orbital. Ela também coletou uma amostra de rocha e poeira da superfície do asteróide. Sua chegada na Terra está prevista para 24 de setembro de 2023.
“Os dados da OSIRIS-REx nos fornecem informações muito mais precisas. Podemos testar os limites de nossos modelos e calcular a trajetória do Bennu com um alto grau de precisão até 2135”, disse o líder do estudo Davide Farnocchia. “Até o momento, jamais haviamos conseguido fazer isso .”
Buracos de fechadura
gravitacionais
Essa medições ajudam a determinar como a órbita do asteroide irá evoluir ao longo do tempo e saber se ele passará por um “buraco de fechadura gravitacional” durante sua aproximação em 2135. Buracos de fechadura são locais no espaço que encaminhariam o Bennu na direção de um impacto com a Terra.
Para calcular exatamente onde o Bennu estará durante sua aproximação de 2135 – e se ele pode passar por um buraco de fechadura gravitacional – Farnocchia e sua equipe avaliaram vários tipos de pequenas forças que podem afetar o asteróide enquanto orbita o sol. Até mesmo a menor dessas forças é capaz de desviar significativamente o caminho orbital do objeto ao longo do tempo. Como consequência, isso pode fazer com que ele passe ou perca completamente um buraco de fechadura.
Entre essas forças, o calor do Sol desempenha um papel crucial. Quando um asteróide viaja ao redor do Sol, a luz do sol aquece seu lado diurno. Como o asteróide gira, a superfície aquecida irá girar e esfriar ao entrar no lado noturno. À medida que esfria, a superfície libera energia infravermelha, que impulsiona o asteróide. Este é o fenômeno chamdo de efeito Yarkovsky. A curto prazo, o impulso é minúsculo. Mas em longos períodos, o efeito na posição do asteróide aumenta e pode desempenhar um papel significativo na mudança de sua trajetória.
O efeito Yarkovsky atua em todos os asteróides de todos os tamanhos. E a OSIRIS-REx nos forneceu a primeira oportunidade de medi-lo em detalhes enquanto o Bennu viajava ao redor do Sol’, disse Steve Chesley, cientista do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa e co-autor do estudo. “O efeito em Bennu é minúsculo, porém significativo na determinação das chances de impacto futuro nas décadas e séculos que estão por vir.”
A equipe considerou muitas outras forças que podem perturbar o asteroide. Entre elas estão a gravidade do Sol, de planetas, luas e de mais de 300 outros asteróides, efeitos da poeira interplanetária, a pressão do vento solar e eventos de ejeção de partículas do próprio Bennu. Além disso, os pesquisadores chegaram a avaliar o impacto do OSIRIS-REx durante a coletagem de amostras em 20 de outubro de 2020. Seu objetivo era saber se a sonda poderia ter alterado ligeiramente a órbita de Bennu. As análises confimaram que o efeito, de fato, foi insignificante.
“A coleta de amostras não alterou a probabilidade do impacto do asteroide com a Terra”, disse Rich Burns, gerente de projeto da OSIRIS-REx.
Poucos riscos, grandes ganhos
Embora as probabilidades sejam baixas, de apenas 0,057% até o ano 2300 e 0,037% em 24 de setembro de 2182, este estudo destaca o papel crucial que das operações OSIRIS-REx nas medições precisas da órbita de Bennu.
“Os dados orbitais desta missão
nos ajudaram a avaliar melhor as chances de colisão nos próximos dois séculos.
E contribuiram para a compreensão geral de asteróides potencialmente perigosos.
É um resultado incrível”, disse Dante Lauretta, pesquisador principal da
OSIRIS-REx e professor da Universidade do Arizona . “A sonda está agora
voltando para casa. Ela carrega uma amostra preciosa deste fascinante objeto
que nos ajudará a entender a história do sistema solar e também o papel da luz
solar na alteração da órbita do Bennu, uma vez que mediremos as propriedades
térmicas do asteróide em escalas sem precedentes.
Fonte: sciam.com.br
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