Equipe obtém a melhor medida do tamanho de uma estrela de nêutrons até o momento
Uma típica estrela de neutrões com um raio de 11 km tem mais ou menos o tamanho de uma cidade média.Crédito: Centro de Voo Espacial Goddard da NASA
Uma equipe internacional de
pesquisa liderada por cientistas do Instituto Max Planck (Alemanha) obteve as
medidas mais precisas já feitas do tamanho de uma estrela de nêutrons. Os
resultados mostram que uma estrela de nêutrons típica, que é cerca de 1,4 vezes
mais pesada que o nosso sol, tem um raio de apenas cerca de 11 quilômetros.
“Nossos achados limitam o
raio a estar entre 10,4 e 11,9 quilômetros. Esse é um fator até duas vezes mais
rigoroso que resultados anteriores”, disse Badri Krishnan, um dos autores da
nova pesquisa.
Método
Para chegar a esse valor, os
pesquisadores combinaram descrições gerais do comportamento da matéria de
estrelas de nêutron com observações feitas de um par de estrelas de nêutrons
chamado GW170817.
Estrelas de nêutrons são
resquícios compactos e extremamente densos de explosões de supernova. Os
físicos não sabem muito bem como essa matéria rica em nêutron e superdensa se
comporta, mas já propuseram vários modelos para descrever sua natureza.
Fusões de estrelas binárias
de nêutrons, como o GW170817, observado em ondas gravitacionais e todo o
espectro eletromagnético em agosto de 2017, são eventos interessantes para os
cientistas aprenderem mais sobre essa matéria em condições extremas, bem como a
física nuclear subjacente.
A partir dessas observações,
eles podem determinar propriedades físicas das estrelas de nêutrons, como seu
raio e sua massa.
“É um pouco incompreensível.
A GW170817 foi causada pela colisão de dois objetos do tamanho de uma cidade há
120 milhões de anos, quando dinossauros ainda andavam na Terra. Isso aconteceu
em uma galáxia a um bilhão de trilhões de quilômetros de distância. A partir
disso, obtivemos informações sobre sua física subatômica”, explicou outro autor
do estudo, Collin Capano.
Chegando
aos resultados
As descrições teóricas
utilizadas pelos pesquisadores previram diversas possíveis equações de estado
para estrelas de nêutrons, diretamente derivadas da física nuclear. Destas, os cientistas
selecionaram as mais propensas a explicar diferentes observações astrofísicas,
ou seja, equações que concordavam com as observações de ondas gravitacionais
feitas pelos observatórios LIGO e Virgo do par GW170817; que produziam uma
estrela de nêutrons hipermassiva como resultado da fusão; e que concordavam com
as observações eletromagnéticas do par.
Isso permitiu aos cientistas
derivar informação robusta sobre a física da matéria das estrelas de nêutron,
ao mesmo tempo em que obtiveram medições superprecisas de seus limites de
tamanho. Esses resultados são empolgantes, não apenas porque conseguimos melhorar
imensamente as medições dos raios das estrelas de nêutrons, mas porque nos dá
um vislumbre de seu destino na fusão de binários”, afirmou Stephanie Brown,
coautora da pesquisa.
Mais
descobertas
As medições também levaram a
outras descobertas interessantes. Por exemplo, os novos
resultados sugerem que, no caso de um evento como o GW170817, os detectores
LIGO e Virgo podem distingui-lo facilmente apenas a partir de ondas
gravitacionais, sejam duas estrelas de nêutrons ou dois buracos negros se
fundindo.
Já no caso de binários
“mistos”, de uma estrela de nêutrons se fundindo com um buraco negro,
detectores de ondas gravitacionais teriam dificuldades em distingui-los de
fusões de buracos negros. Aqui, observações no espectro eletromagnético são
necessárias para fazer a diferenciação.
No entanto, os pesquisadores
também descobriram que estrelas de nêutrons que se fundem com buracos negros
são, na maioria dos casos, engolidas inteiras, a menos que o buraco negro seja
pequeno e/ou gire rapidamente. Isso significa que essas fusões devem ser observáveis
como ondas gravitacionais.
“Somente quando o buraco
negro é muito pequeno ou gira muito rápido é capaz de destruir a estrela de
nêutrons antes de engoli-la; e somente então podemos esperar ver alguma coisa
além de ondas gravitacionais”, concluiu Capano.
No
futuro
Na próxima década, os
detectores de ondas gravitacionais devem se tornar ainda mais sensíveis, bem
como devem ser lançados novos detectores. A equipe espera, assim, analisar
novas observações de fusão de estrelas binárias de nêutrons para aprender mais
sobre a sua física.
Um artigo sobre a pesquisa
foi publicado na revista científica Nature Astronomy.
Fonte: Phys
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