Matéria escura pode ser uma frequência - e estamos perto de descobri-la
Cientistas acreditam que,
em cerca de 15 anos, finalmente conseguiremos detectar a matéria escura, graças
a um novo detector que funciona como um “rádio cósmico”
Imagem via NASA
Esse dispositivo foi criado para
captar a frequência de partículas misteriosas chamadas áxions, que podem ser a
chave para entender a matéria escura, um dos maiores enigmas do universo. Com
materiais e tecnologias avançadas já prontos, os pesquisadores dizem que agora
é só uma questão de aumentar o tamanho do detector, ajustar a precisão e ter
paciência.
Um Novo Detector para
Encontrar a Matéria Escura
Os cientistas desenvolveram um
detector inovador, apelidado de “rádio cósmico”, que pode ajudar a identificar
a matéria escura nos próximos 15 anos. O estudo, publicado em 16 de abril na
revista Nature, foi feito por pesquisadores de várias universidades, como
King”s College London, Harvard e UC Berkeley.
A matéria escura é um tipo de
matéria invisível que os cientistas acreditam formar até 85% da massa do
universo. Não podemos vê-la diretamente, mas sabemos que ela existe porque
afeta a gravidade de estrelas e galáxias. Mesmo assim, ninguém sabe exatamente
do que ela é feita.
Uma das ideias mais aceitas é que
a matéria escura pode ser formada por partículas leves chamadas áxions. Essas
partículas são difíceis de detectar porque quase não interagem com a matéria
normal.
Sintonizando as
Frequências Escondidas do Universo
Os áxions, segundo os cientistas,
se comportam como ondas e podem existir em algum lugar do espectro
eletromagnético – o mesmo “espaço” onde estão as ondas de rádio, luz visível e
outras frequências. O problema é que ninguém sabe qual é a frequência exata dos
áxions. Eles podem estar em uma faixa que vai desde frequências baixas (como as
que ouvimos no rádio) até frequências altíssimas, na faixa de terahertz.
O novo detector funciona como um
rádio que “sintoniza” essas frequências para encontrar os áxions. Ele usa um
material especial para criar algo chamado quasipartícula áxion (AQ). Se der
certo, esse detector pode confirmar a existência dos áxions – e, com isso,
revelar o que é a matéria escura – em até 15 anos.
Um “Rádio” no Espaço para
Ouvir o Universo
A quasipartícula AQ foi projetada
para emitir sua frequência no espaço, uma frequência que deve combinar com a
dos áxions. Quando ela “sintonizar” a frequência certa, vai emitir uma pequena
quantidade de luz. O AQ funciona nas frequências mais altas, na faixa de
terahertz, que muitos cientistas acreditam ser o melhor lugar para procurar os
áxions.
O Dr. David Marsh, um dos autores
do estudo e pesquisador do King”s College London, explicou: “Agora podemos
construir um detector de matéria escura que é como um rádio cósmico,
sintonizando as frequências do universo até encontrar o áxion. Já temos a tecnologia,
agora é só uma questão de aumentar o tamanho e esperar o tempo certo.”
Construindo o Detector que
Pode Mudar Tudo
Os pesquisadores acreditam que,
se conseguirem fazer um pedaço maior do material AQ, podem ter um detector
funcionando em cinco anos. Depois disso, eles estimam que levará mais uns dez
anos escaneando as frequências altas onde a matéria escura pode estar escondida
até encontrá-la.
Para criar as quasipartículas,
eles usaram um material chamado telureto de bismuto e manganês (MnBi”Te”), que
tem propriedades eletrônicas e magnéticas especiais. Esse material foi reduzido
a camadas finíssimas, quase como folhas de átomos empilhadas.
Jian-Xiang Qiu, o principal autor
do estudo, da Universidade de Harvard, disse: “Como o MnBi”Te? é muito sensível
ao ar, precisamos reduzi-lo a poucas camadas atômicas para ajustar suas
propriedades com precisão. Isso nos permite ver esse tipo de física interessante
e entender como ele interage com coisas como o áxion.”
Os Últimos Passos de uma
Busca de 40 Anos
O Dr. Marsh acrescentou: “Este é
um momento muito empolgante para quem estuda matéria escura. Hoje, há tantos
estudos sobre áxions quanto havia sobre o bóson de Higgs um ano antes de ele
ser descoberto. Em 1983, os cientistas propuseram que os áxions se comportavam
como uma frequência de rádio, e agora sabemos que podemos sintonizá-la. Estamos
chegando cada vez mais perto do áxion, e rápido.”
Essa versão simplifica o artigo
original, usando uma linguagem clara e acessível para que qualquer pessoa possa
entender a importância da descoberta e o que ela significa para a ciência.
Terrarara.com.br

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