As estranhas manchas detectadas em Plutão pelo Hubble podem ser alcatrão e gelo

Recentemente o telescópio orbital Hubble forneceu aos cientistas imagens em primeiro plano de Plutão com detalhes inéditos. A partir destas imagens sem precedentes foram identificadas misteriosas manchas claras e escuras na superfície deste planeta anão. Agora os pesquisadores julgam ter uma melhor idéia do que está causando essas manchas estranhas.

As faces de Plutão: o disco central (180o) mostra uma região brilhante misteriosa que é rica em monóxido de carbono. Crédito: NASA, ESA e M. Buie (Southwest Research Institute)

As imagens geradas pelo Hubble, divulgadas em fevereiro de 2010, revelaram Plutão como um mundo cor de mel orbitando na periferia do Sistema Solar, um objeto com surpreendentes variações de brilho em toda a sua superfície. Baseados em análises mais detalhadas posteriores, os cientistas sugerem que as manchas escuras podem representar partes da superfície cobertas por uma camada primordial de compostos orgânicos.
 
Visão artística de como seria a superfície de Plutão, de acordo com os novos estudos sobre sua atmosfera. Esse desenho mostra as trilhas de puro metano na superfície. Crédito: ESO/L. Calçada
 
“Nós sabemos que há metano em Plutão”, afirmou Mike Brown, especialista em planetas anões, da Caltech. “Eis o que nós acreditamos que está acontecendo: a radiação solar atinge o metano (CH4) e o decompõe em seus componentes químicos (hidrocarbonetos). Durante milhões de anos este processo tem criado um óleo com de tonalidade marrom avermelhada escura ou ainda uma substância parecida com o alcatrão que gruda no solo. Estas áreas mais escuras se espalham a medida que absorvem mais luz solar que faz com que as os compostos congelados sofram sublimação.”
Compostos orgânicos avermelhados podem estar permeados na superfície criogênica de Plutão. Caronte, sua maior lua, brilha no céu. Crédito: Don Dixon (http://www.cosmographica.com/)

Por outro lado, os cientistas julgam que as manchas brilhantes estão associadas às zonas cobertas de monóxido de carbono (CO) congelado.
Estas imagens recentes de Plutão revelam uma diferente visão do que os astrônomos já haviam observado em imagens anteriores, em parte porque a aparência do planeta-anão está mudando com a lenta evolução das estações climáticas. Devemos nos lembrar que as estações são extremamente longas por lá, porque o Plutão necessita de 248 anos terrestres para fazer uma viagem completa ao redor do Sol.
“Até meados dos anos 80, o hemisfério norte de Plutão estava inclinado na direção oposta do Sol por mais de 100 anos, acumulando uma quantidade substancial de gelo”, disse o autor do estudo, Marc Buie do Southwest Research Institute. “Agora, o hemisfério norte está recebendo maior quantidade de luz solar e parece, como mostrado nas imagens do Hubble, que está se tornando mais claro.”
Atualmente, Plutão está com temperaturas da ordem de -232º Celsius, relativamente mais amenas, após a sua aproximação máxima do Sol na década de 1980. Mas, Plutão terá algumas épocas mais frias no futuro.
Assim, quando as temperaturas se tornam gélidas o suficiente, os cientistas estipulam que o gás da rarefeita atmosfera efetivamente se congelará e se depositará no solo de Plutão.
“Agora, Plutão está se movendo novamente para longe do Sol”, afirmou Mike Brown. “Pouco a pouco Plutão vai ficar cada vez mais frio e sua atmosfera vai congelar sobre sua superfície. Na verdade, isso já deveria ter começado a acontecer, mas aparentemente não é isto que estamos observando. É um mistério”.

A exótica órbita de Plutão, comparada com os 8 planetas. Crédito: Don Dixon (http://www.cosmographica.com/)
Se hipoteticamente a Terra se esfriasse o suficiente para congelar totalmente sua atmosfera, uma camada de 9 metros de espessura seria criada. Felizmente, nosso planeta é um paraíso tropical em relação a Plutão. E a atmosfera de Plutão é tão delgada que, quando se congela é criada apenas um fino filme de azoto (nitrogênio) e metano gelado.
As novas imagens de Plutão capturadas pelo Hubble são apenas a ponta de um iceberg para os cientistas que estudam este distante mundo gelado. Atualmente a sonda New Horizons da NASA ruma a toda velocidade na direção de Plutão, em uma jornada de uma década de duração, através de todo o Sistema Solar.
A NASA lançou a espaçonave New Horizons, em janeiro de 2006. A sonda ultrapassou a Lua 10 horas mais tarde e orbitou Júpiter um ano depois, ganhando velocidade para tornar-se o veículo espacial mais rápido já enviado a outro mundo.

Plutão e Caronte vistos da sua pequena lua Hydra, descoberta recentemente. Crédito: David Aguilar

A New Horizons irá atingir uma série de metas este ano, ao completar a metade de sua viagem a Plutão. A sonda robótica irá sobrevoar Plutão e suas três luas (Caronte, Nix e Hydra) em julho de 2015.
Fonte:Space.com:

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