Christian Huygens


Christian Huygens nasceu em Haia, na Holanda, em 14 de abril de 1629. Filho de Constantin Huygens, uma das figuras mais importantes do renascimento na Holanda, foi também um grande amigo do filósofo René Descartes. Naquela época, pouco depois que Galileu usou pela primeira vez uma luneta para observar os astros, ele percebeu que a melhoria na qualidade dos instrumentos ópticos faria grande diferença na Astronomia, e por isso passou a fazer seus próprios telescópios. 

Foi assim que por volta de 1655, usando uma dos telescópios mais poderosos de seu tempo, Christian Huygens demonstrou que as estruturas estranhas observadas por Galileu ao redor de Saturno quase cinqüenta anos antes eram, na verdade, anéis! A observação sistemática dos anéis de Saturno conduziu a uma das maiores descobertas desse astrônomo: a lua Titã, uma dos maiores satélites naturais de todo o Sistema Solar.

E como Huygens afirmou quando os viu pela primeira vez, os anéis de Saturno realmente não são sólidos, mas sim formados por uma infinidade de fragmentos brilhantes girando em volta do planeta. Quanto a Titã, tem um diâmetro superior a 5.000 km (maior que nossa Lua) e uma densa atmosfera (50% mais densa que a terrestre), com prováveis lagos de metano na superfície – o que, naturalmente, Huygens não fazia idéia naquela época. Huygens também se interessou pela medição do tempo. Foi ele quem inventou o pêndulo como regulador de relógios, em 1657. 

Seu interesse por óptica levou-o também a especializar-se no polimento e na montagem de associação de lentes. E na Mecânica, enunciou o princípio da força centrífuga e a lei do pêndulo. Em sua pesquisa sobre o comportamento do pêndulo Huygens fez uma descoberta matemática notável, publicada em seu célebre tratado "Horologium oscillatorium", de 1673, um clássico da literatura científica sobre movimentos circulares e pendulares e sobre a conservação da energia, além de diversos outros estudos fundamentais da Mecânica.

Detalhe dos anéis de Saturno obtido durante a missão Cassini-Huygens. Estrutura é formada por uma miríade de pedaços de rocha e gelo.
Polêmica

MAS SEM DÚVIDA uma das grandes polêmicas na vida desse brilhante cientista foi a que envolveu a forma como a luz interage com a matéria. Isaac Newton (1642-1727) acreditava que a luz era composta por partículas, e assim, como uma bola de bilhar, recuava após se chocar com um objeto. Huygens nunca concordou com isso e descreveu a teoria ondulatória da luz. Quem estava com a razão? De certo modo, os dois. Hoje, a teoria quântica da luz admite essa dualidade. A luz é, ao mesmo tempo, onda e partícula. A mesma luz que emergiu das distantes estrelas imensas na nebulosa de Órion – mais uma das descobertas de Huygens através dos telescópios que ele mesmo fazia.

Mais de três séculos depois, um dos mais bem sucedidos projetos espaciais de todos os tempos levou seu nome e o de outro grande apaixonado pelo Universo. A missão Cassini-Huygens foi uma realização conjunta das agências espaciais dos Estados Unidos e Europa (Nasa e ESA). Cassini é a nave-mãe. Dela escapuliu uma pequena sonda que mergulhou na atmosfera da lua Titã em janeiro de 2005 – o primeiro pouso (automático) em uma lua além da nossa. Já a sonda Huygens tem esse nome em homenagem ao importante astrônomo, falecido em 1695 na mesma cidade em que nasceu.

Fonte: Astronomia no Zenite

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