50 horas para resolver um esconde-esconde de estrelas

Mesmo depois de estudar várias e várias vezes uma região é preciso olhar mais uma vez para se ter certeza. Nesse caso só olhar de novo não basta, precisa de um raio X.
A Nebulosa da Roseta é um berçário de estrelas de alta massa – aquelas que têm pelo menos 10 vezes a massa do Sol – e tem sido estudada há várias décadas. Sabemos que em seu centro está o aglomerado NGC 2244, mas logo ao seu lado está também o aglomerado de estrelas NGC 2237. Situada na Constelação de Monoceros (o unicórnio) a 5 mil anos-luz de distância, essa nebulosa é uma referência quando se estuda a formação de estrelas massivas.
O aglomerado central da nebulosa possui dezenas de estrelas de alta massa e este fato por si só já a faz um alvo bem interessante. É relativamente raro encontrar corpos desse tipo. Além disso, há ventos estelares muito fortes, que influenciam toda a região próxima às estrelas. O fato de várias delas estarem aglomeradas multiplica essa ação na sua vizinhaça, atuando tanto para formar outra geração de estrelas quanto para impedir que a formação continue por muito tempo. É fácil perceber essa ação na imagem como um buraco escavado na nebulosa. Isso é resultado da ação do vento das estrelas do aglomerado NGC 2244.
Na Nebulosa da Roseta, evidências para essa geração subsequente de estrelas já tinham sido encontradas, mas o número dessas estrelas parecia muito menor do que o esperado. Por isso tantas vezes ela foi estudada. Dessa última vez, o telescópio espacial Chandra foi apontado para a região da nebulosa durante 50 horas para procurar as estrelas que estavam faltando.
Essa imagem combina uma foto no óptico, obtida no observatório de Kitty Peak nos EUA, e uma em raios X obtida pelo Chandra, vista aqui como esses retângulos brancos. Cada ponto cor-de-rosa é uma fonte de raios X, ou seja uma estrela. Comparando-se as duas imagens podemos notar vários desses pontos cor-de-rosa nas regiões mais nebulosas. Esses pontos são estrelas de baixa massa (menos do que 8 massas solares) que estão se formando. Quando essas novas imagens foram comparadas às imagens antigas, 124 novas estrelas foram descobertas no aglomerado NGC 2237, que fica abaixo à direita do centro da Roseta. Com esse estudo do pessoal da Universidade do Estado da Pensilvânia, o aglomerado ficou agora com 160 estrelas conhecidas, estrelas essas formadas após as estrelas de NGC 2244.
Créditos:Cássio Barbosa-Observatório/G1

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