Estudo reavalia indícios e diz que pode haver vida em Marte


A sonda Phoenix Mars Lander registrou a presença da substância química perclorato, que contém cloro, na região "ártica" do planeta
Foto: BBC Brasil

Cientistas mexicanos fizeram um estudo que contesta conclusões sobre a falta de vida em Marte tiradas com base em coletas feitas no planeta por uma sonda da Nasa em 1976. A noção de que o planeta vermelho seria estéril tinha sido reforçada após a missão da sonda Viking, que coletou e examinou amostras do solo de Marte, sem encontrar evidências da existência de moléculas ricas em carbono ou de vida no planeta. Mas os cientistas da Universidade Nacional Autônoma do México, da Cidade do México, afirmam que as substâncias que poderiam comprovar a chance de que poderia haver vida no planeta tinham sido destruídas no local da coleta quando a sonda pousou no planeta.

Reavaliação

Os cientistas resolveram reavaliar a questão sobre presença de moléculas orgânicas ricas em carbono em Marte após o envio de outra sonda ao planeta, em 2008. A sonda Phoenix Mars Lander registrou a presença da substância química perclorato, que contém cloro, na região "ártica" do planeta. Por causa dessa descoberta, os cientistas resolveram fazer uma experiência para reproduzir as condições do pouso da sonda Viking em Marte com o conhecimento de que haveria perclorato no solo. A equipe de cientistas foi ao deserto de Atacama, no Chile, onde as circunstâncias seriam similares às de Marte. Após adicionar perclorato ao solo e aquecê-lo, os cientistas descobriram que os gases produzidos eram dióxido de carbono e traços de clorometano e diclorometano - os mesmos gases liberados por reações químicas após as sondas Viking terem aquecido o solo de Marte mais de três décadas atrás. Eles também descobriram que as reações químicas destruíram todos os componentes orgânicos no solo. "Nossos resultados indicam que não apenas (substâncias) orgânicas, mas também perclorato, podem ter estado presentes no solo nos dois locais onde as (sondas) Viking pousaram", diz o autor principal do estudo, Rafael Navarro-González.

Cedo para comemorar

Apesar de animados pela descoberta, os pesquisadores afirmam que é muito cedo para concluir que tenha existido vida em Marte. "Isso nada diz em relação à questão da existência ou não de vida em Marte, mas pode fazer uma grande diferença em como procuramos evidências para responder a essa pergunta", diz Chris McKay, do Ames Research Center da Nasa, na Califórnia. McKay explicou que substâncias orgânicas podem vir de fontes biológicas ou não biológicas - muitos meteoritos que caíram na Terra possuem matéria orgânica. O perclorato, um íon de cloro e oxigênio, pode ter estado presente em Marte por bilhões de anos e ter se manifestado apenas quando aquecido, destruindo todas as substâncias orgânicas presentes no solo. Quando cientistas examinaram originalmente as informações das sondas Viking, eles interpretaram os compostos orgânicos que continham cloro como contaminantes dos fluidos de limpeza levados na nave. Ainda não está claro se as moléculas orgânicas são naturais de Marte ou se chegaram ao planeta por meio de meteoritos. Descobrir isto é um dos objetivos das próximas missões para Marte. A Nasa planeja dar início em 2011 à sua missão Mars Science Laboratory (MSL), com o veículo espacial Curiosity projetado para procurar material orgânico no planeta.
Fonte:noticias.terra.com.br

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