Sagitário: olhe o céu em direção ao centro da Via Láctea

Imagem de parte da Via Láctea feita pelos telescópios do projeto 2MASS, que estuda o céu no comprimento de onda do infravermelho. Crédito: 2MASS - The Two Micron All Sky Survey
Quando olhamos à vista desarmada na direção da constelação de Sagitário, pouca coisa se vê. São estrelas e mais estrelas que se multiplicam à medida que binóculos e telescópios mais potentes são empregados. Entretanto, é ao redor desse ponto que nossa Galáxia gira. Quando olhamos para Sagitário estamos observando diretamente o centro da Via Láctea. Estima-se que aproximadamente 200 bilhões de estrelas façam parte desse sistema. Com massa estimada em quase dois trilhões de massas solares, nossa Galáxia tem entre 13.5 e 13.8 bilhões de anos e seu centro está localizado a aproximadamente 30 mil anos-luz de distância da Terra. O centro galáctico é um lugar bastante tumultuado. Observá-lo através da luz visível não é uma tarefa fácil já que a poeira cósmica obscurece praticamente toda a luz emitida, mas quando sondado no comprimento de onda do infravermelho milhões de estrelas podem ser vistas. A imagem acima foi captada nesse seguimento do espectro por dois telescópios do projeto 2MASS, instalados em Monte Hopkins, no Arizona e próximo a La Serena, no Chile. Na cena, o centro da Galáxia aparece em tons brilhante no canto inferior esquerdo da foto, enquanto o plano da galáxia, no qual nosso Sol orbita, é visto na forma de uma faixa diagonal escurecida, composta de poeira cósmica criada nas atmosferas de estrelas gigantes vermelhas.

Buraco Negro

No centro da Galáxia existe uma intensa fonte de emissão eletromagnética, chamada Sagitarius A e até poucos anos atrás sua observação só era possível através de radiotelescópios. No entanto, à medida que os detectores infravermelhos foram aprimorados, os cientistas passaram a enxergar diretamente o núcleo, observando Sagitarius A através da poeira. Com isso puderam realizar medições individuais de estrelas localizadas no centro da Galáxia, seja através de imagens diretas ou técnicas de espectroscopia. Na década de 1990, dois astrônomos alemães chamados Eckart e Genze realizaram medições em mais de 200 estrelas daquela região e concluíram que a densidade central do núcleo galáctico era muito mais alta que a de algum aglomerado estelar. A atração gravitacional era tão intensa que os pesquisadores deduziram que a única possibilidade para tamanha atração era a existência de um buraco negro supermassivo no centro da Galáxia - Sagitarius A - estimado em 2.6^10.6 massas solares.

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