O Universo em média e larga escala

Em 1918, o astrónomo americano Harlow Shapley (1885 - 1972) chegou à conclusão de que o Sol não está no centro da nossa Galáxia, mas antes próximo da sua periferia. Shapley estimou ainda que a Galáxia a que pertencemos tem um diâmetro total de, aproximadamente, 100000 anos-luz (30 kpc), contendo cerca de cem mil milhões de estrelas. Porém, a distinção entre a nossa Galáxia e o restante Universo não era ainda clara. De facto, embora a Astronomia tenha registado extraordinários progressos desde os tempos de Newton, no início do século passado ainda existia a convicção de que a Galáxia era a única e que - para além dela - o Universo era essencialmente vazio.

A existência de galáxias exteriores à nossa só ficou bem esclarecida em 1926, por Edwin Hubble (1889 - 1953). Hubble determinou a distância entre a Terra e a galáxia espiral M33 (galáxia do Triângulo), tendo concluído que essa distância era muito superior às dimensões da nossa Galáxia, provando assim que a M33 lhe era exterior.A Galáxia a que pertencemos é, afinal, uma entre muitas: actualmente podem observar-se mais de mil milhões de galáxias. Também designada por Via Láctea, nome resultante da tradição popular de acreditar na existência de uma estrada (via) por onde "as almas se dirigiam ao céu", a Galáxia tem assim um diâmetro de cerca de 100 mil anos-luz e a sua maior espessura é próxima de 12 mil anos-luz no centro, sendo inferior a 2 mil a.l. na periferia.

Possui cerca de 100 a 200 mil milhões de estrelas entre as quais se encontra o Sol. Estas estrelas podem ver-se nas mais diversas fases evolutivas: existem estrelas em formação, outras na sua juventude e várias outras já idosas. É grande a diversidade de dimensões, cores e luminosidades e, sabe-se agora, algumas destas estrelas possuem sistemas planetários.  É possível observar na Galáxia grupos de algumas dezenas ou centenas de estrelas jovens que se formaram em conjunto, constituindo os enxames estelares abertos, concentrados junto aos braços em espiral do disco galáctico. O nosso Sol terá nascido integrado num agrupamento deste tipo, do qual se veio a separar gradualmente, pois sabe-se que as estrelas componentes destes enxames tendem a afastar-se umas das outras, ao longo de milhões de anos. Outros agrupamentos de estrelas, muito mais compactos e constituídos por centenas de milhares de exemplares, já idosos, apresentam simetria aproximadamente esférica e distribuem-se formando um halo praticamente esférico em torno do núcleo da Galáxia. Trata-se dos enxames globulares.
Céu profundo-Fotografia obtida pelo HST do céu profundo, mostrando uma enorme diversidade de galáxias, quanto à cor, forma, dimensão.

A matéria interestelar, constituída principalmente por poeira e gases, é outro dos componentes da nossa Galáxia. É, em alguns casos, visível sob a forma de nebulosas, iluminadas nuns casos e escuras em outros, consoante o modo como recebem a radiação das estrelas que lhes estão próximas. Esta matéria interestelar, compreende uma parte substancial da massa da Galáxia e está implicada no ciclo do nascimento, vida e morte das estrelas, ao longo de milhares de milhões de anos. Resultado da evolução natural das estrelas, diversos objectos astronómicos mais exóticos podem ter origem, dependendo a sua formação simplesmente da massa que a estrela que lhe dá origem possui ou pode captar de uma vizinha que consigo constitua um sistema gravitacional (binário).

Aparecem assim as anãs brancas, os pulsares e os buracos negros, entre outros. No domínio extra Galáctico, encontram-se as outras galáxias, nas profundezas do cosmos, a distâncias que desafiam a nossa imaginação. Estas galáxias, cuja constituição se assemelha à da nossa, apresentam aspectos diversos que as distinguem, fundamentalmente resultantes da distribuição das estrelas que as compõem, da dimensão, forma, massa e luminosidade. O estudo sistemático destas galáxias levou à conclusão de que também elas se agrupam, ligadas entre si pela mútua interacção gravitacional, em agregados ou enxames de galáxias, cada um deles constituído por um número de exemplares que pode ir de poucas dezenas a algumas centenas.

O Grupo Local, enxame ao qual a nossa Galáxia pertence, é constituído por aproximadamente 30 membros, distribuídos por uma região do espaço com cerca de 1Mpc (3,3 milhões de a.l.). Em escalas de várias dezenas de mega parsecs, observamos que os enxames de galáxias também se aglomeram, formando os chamados superenxames de galáxias. O Grupo Local faz parte do superenxame da Virgem ou Superenxame Local. Estas super-estruturas, conjuntamente com os enxames galácticos individualizados, constituem uma imensa teia que se estende por todo o Universo e que se intersecta continuamente. Presos no interior desta teia situam-se os vazios, vastos volumes aproximadamente esféricos onde poucas galáxias marcam presença.

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