Galáxias distantes revelam como o nevoeiro cósmico se dissipou

Novas Observações VLT estabelecem a linha cronológica da reionização.Excesso de gás hidrogênio deixava o espaço 'opaco' logo após o Big Bang.
Imagem fictícia mostra como seria o Universo 'poluído' com gás hidrogênio. (Crédito: M. Kornmesser / ESO)
A observação de galáxias muito distantes da Terra permitiu que astrônomos europeus descobrissem quando uma neblina que envolvia todo o espaço foi desaparecendo, logo no início do Universo. Os resultados do estudo serão divulgados na revista científica "Astrophysical Journal". Acredita-se que a idade do Universo seja de 13,7 bilhões de anos. As galáxias analisadas pelos astrônomos europeus mostram como era o espaço 780 milhões de anos depois do Big Bang - a explosão que teria dado origem ao Universo. Nesta época, o espaço estava começando a ficar "transparente", deixando de ser coberto por uma neblina formada pelo gás hidrogênio espalhado por todas as partes. Agora, pela primeira vez, os cientistas conseguiram definir uma data para dizer quando isso aconteceu. Essas galáxias estão entre as mais distantes do Sistema Solar conhecidas e, de tão afastadas, a luz que elas emitem demora quase 13 bilhões de anos para chegar à Terra. Os astrônomos europeus usaram o Telescópio Muito Grande (VLT, na sigla em inglês), uma dos principais instrumentos disponíveis na Terra para a observação espacial, localizado no Chile. As observações e análise dos resultados duraram três anos. Quando o Universo tinha 780 milhões de anos, o hidrogênio ocupava até 50% do espaço. Mas após 200 milhões de anos, este volume diminuiu drasticamente, permitindo que o Universo ficasse mais "limpo" e revelando os primeiros raios ultravioleta, que antes ficavam "camuflados" pela neblina. O italiano Adriano Fontana, coordenador do estudo, compara o trabalho com o de arqueólogos, que conseguem reconstruir o passado ao analisar a idade de objetos encontrados em diferentes camadas de terra. "Astrônomos podem ir mais longe: nós podemos olhar diretamente para o passado e ver a luz fraca de galáxias em diferentes estágios da evolução do Universo", diz o cientista. “As diferenças entre as galáxias informam-nos sobre as condições do Universo em plena transformação durante este importante período de tempo e da rapidez com que estas mudanças ocorriam.” Os diferentes elementos químicos brilham de modo intenso para determinadas cores. Estes picos de brilho são as chamadas riscas de emissão. Uma das mais intensas riscas de emissão no ultravioleta é a risca de Lyman-alfa, emitida pelo hidrogénio. É brilhante e facilmente reconhecível, de modo que pode ser facilmente detetada mesmo em observações de galáxias muito ténues e longínquas.
Fonte: http://www.eso.org/public/portugal/news/

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