As dunas marcianas
Esta semana o Orbitador para Reconhecimento de Marte (MRO na sigla em inglês) liberou algumas imagens muito interessantes da superfície marciana. Lançado pela NASA em 2005, o MRO já cobriu completamente a superfície de Marte algumas dezenas vezes, provavelmente, e o interessante é que existem fotos obtidas com um intervalo razoável de tempo entre elas. Essa sequência temporal de imagens meio que forma um filme da dinâmica marciana. Essas sequências publicadas agora pelo pessoal da Universidade Johns Hopkins, dos EUA, mostram que as dunas de areia se alteram e se movem com o passar dos anos. Em suma, essas imagens mostram que a superfície marciana tem uma dinâmica muito maior que a imaginada até hoje. Bom, o lance é o seguinte, desde a década de 1970 as sondas Vikings já mostravam que a superfície marciana não era estática. Os orbitadores que se seguiram, também mostravam diferenças entre fotos tiradas com um certo intervalo de tempo. Os jipes marcianos também tiraram centenas de fotos de “rodamoinhos” de poeira (conhecidos como “dust devils”). uriosamente, a ação desses rodamoinhos por vezes era percebida no monitoramento dos circuitos elétricos dos jipes. Isso porque, às vezes, um rodamoinho desses limpava a poeira dos painéis solares e com isso aumentava a carga das baterias. Então, qual a novidade agora? É que as fotos anteriores dos orbitadores e mesmo dos jipes marcianos sempre mostraram registros de atividade de mudança da poeira mais fina do solo marciano. Essa poeira é mais leve que a areia marciana e portanto mais fácil de ser carregada. As câmeras dos orbitadores até sugeriam que as dunas de areia se alteravam, mas a falta de resolução delas impediam uma posição definitiva sobre isso. Essa é a grande diferença das imagens do MRO e as anteriores, a resolução. Com poder para destacar objetos (ou distâncias) de pouco menos que um metro, as câmeras do MRO registraram a areia de dunas sendo carregada pelo vento marciano, alterando a paisagem do planeta. Essa foto por exemplo é uma composição feita a partir de uma imagem de 2008 e outra de 2010 de uma duna de areia na região polar norte de Marte. A diferença entre elas mostra que a areia chegou a ser carregada pelo vento por quase 3 metros. Algo nunca antes detectado! Esses resultados podem indicar duas coisas, ou a poeira é mais leve do que se pensava, ou o vento marciano tem rajadas mais intensas. Na verdade, as duas coisas devem estar certas, mas o time liderado por Nathan Bridges acredita que a segunda possibilidade deve ser mais importante. Testes em túneis de vento mostram que, para que amostras de areia de determinados desertos terrestres (que se pensa ser muito parecida com a areia marciana) precisam de rajadas de 130 km/h para se mover em Marte, muito mais do que os 16 km/h necessários para a areia se mover na Terra. Essa diferença é explicada pelo fato de que a atmosfera marciana é muito menos densa que a terrestre. As tempestades de poeira em Marte podem durar meses ou anos, como já foi observado. Mas a surpresa foi constatar que rajadas com essa velocidade podem ser atingidas em diversos pontos de Marte. Mas nem todas as dunas parecem se mover em Marte. Essas devem ter areia mais pesada que a média, mas ainda assim, ao que tudo indica, essas dunas devem também se alterar. A diferença é que talvez elas precisam levar mais tempo do que já foi registrado até agora
Cráditos: Cássio Barbosa - http://g1.globo.com/platb/observatoriog1/
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