"Nunca saberemos se o universo é infinito"

Considerado um dos maiores cosmólogos da atualidade, Joseph Silk fala a VEJA sobre a missão espacial que vai ajudar a explicar o Big Bang e como a cosmologia mistura teoria e prática para entender a origem de tudo
O cosmólogo Joseph Silk (Priscila Castilho)
Poucas pessoas sabem tanto sobre o início do universo quanto o astrofísico inglês Joseph 'Joe' Silk, ex-chefe do departamento de astronomia da Universidade de Oxford e atual líder de um grupo de astrônomos do Instituto de Astrofísica da França. Ele já publicou mais de 700 estudos relacionados ao nascimento do cosmo e das galáxias e já foi citado 27.000 vezes em trabalhos científicos de outros especialistas. Observar o universo a partir da nossa galáxia é como dirigir um carro com o para-brisa sujo e sem limpadores", diz Silk. “Temos que descobrir como enxergar através da sujeira para ver o caminho." Em outras palavras, a tarefa não é fácil. Mas o jogo está virando a favor de cientistas como Silk. Como 'máquinas do tempo', telescópios como o Hubble, que fica na órbita da Terra, ou os instalados pelo consórcio europeu ESO no Chile, conseguem enxergar cada vez mais longe. Em astronomia, isso quer dizer que estão chegando mais próximos do que aconteceu bilhões de anos atrás. Por isso, mesmo que seja impossível enxergar de fato o início do universo, como afirma Silk em entrevista ao site de VEJA, a ciência está próxima de entender o que aconteceu imediatamente após o Big Bang. Essa compreensão vai ajudar a definir como surgiram as galáxias — e a vida em pelo menos uma delas. Mesmo depois disso, contudo, alguns fatos ficarão além da prova. "O melhor palpite da cosmologia é de que o universo é infinito", diz Silk. "Porém, nunca seremos capazes de provar que ele é assim."  O físico esteve no Brasil, na semana passada, para a primeira aula avançada de astrofísica do NAT (Núcleo de Astrofísica Teórica) da Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo, e falou ao site de VEJA sobre o nascimento das galáxias, a origem do universo e sobre como os dados divulgados pelo telescópio espacial europeu Planck vão ajudar a compor esse quebra-cabeça.

Quem é Joe Silk?

Considerado um dos principais cosmólogos da atualidade, Joseph 'Joe' Silk, 69 anos, é autor de vários livros de divulgação científica, dentre eles A Mão Esquerda da Criação (Martins Fontes, 2008, 272 pg.), no qual trata da origem do universo. Entre 1999 e 2011, o físico ocupou a Cátedra Saviliana de Astronomia, liderando o departamento na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Em 2011, venceu o Balzan Prize, uma espécie de Nobel das ciências humanas e naturais, pelo trabalho no entendimento da evolução do universo. O prêmio foi estabelecido em 1961 e oferece 1 milhão de dólares aos vencedores — o escritor argentino Jorge Luis Borges também foi agraciado com o prêmio. Agora em Paris, Silk lidera um grupo de astrônomos no Institut d’Astrophysique, em Paris, ligado ao CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica da França). É também professor da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, e membro sênior do Instituto de Astrofísica e Cosmologia da Universidade de Oxford.

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