O Coração Negro De Colisão Cósmica
A galáxia peculiar Centauro A no infravermelho distante e em raios-X. Crédito: Infravermelho: ESA/Herschel/PACS/SPIRE/C.D. Wilson, Universidade MacMaster, Canadá; Raios-X: ESA/XMM-Newton/EPIC
Observações infravermelhas e em raios-X com dois telescópios espaciais europeus foram combinadas para criar um único olhar sobre eventos violentos dentro da galáxia gigante Centauro A. As observações fortalecem a visão de que a galáxia pode ter sido criada pela colisão cataclísmica de duas galáxias mais antigas. Centauro A é a galáxia elíptica gigante mais próxima da Terra, a uma distância de mais ou menos 12 milhões de anos-luz. É conhecida por ter um buraco negro massivo no seu núcleo e emitir intensas explosões de ondas de rádio. Embora imagens anteriores obtidas no visível apontem para uma complexa estrutura interna em Centauro A, a combinação dos dados de dois observatórios da ESA, que trabalham nas pontas quase opostas do espectro electromagnético, revelam esta estrutura invulgar em muito mais detalhe.
A galáxia foi observada por Sir John Herschel em 1847 durante o seu estudo dos céus do hemisfério sul. Agora, 160 anos depois, o observatório com o seu nome de família desempenhou um papel único na descoberta de alguns dos seus segredos. Novas imagens obtidas numa resolução sem precedentes com o observatório espacial Herschel e no infravermelho longínquo, mostram que a gigantesca cicatriz escura de poeira obscurecente, que atravessa o centro de Centauro A, desaparece completamente. As imagens mostram o disco interior achatado de uma galáxia espiral com a forma que os cientistas acreditam ser devida a uma colisão com uma galáxia elíptica durante um passado muito distante.
As imagens utilizadas para fazer a imagem em múltiplos comprimentos de onda de Centauro A.Crédito: Infravermelho: ESA/Herschel/PACS/SPIRE/C.D. Wilson, Universidade MacMaster, Canadá; Raios-X: ESA/XMM-Newton/EPIC; visível: ESO/telescópio MPG de 2,2 metros em La Silla
Os dados do Herschel também revelam evidências de intensa formação estelar no centro da galáxia, bem como dois jactos emanando do núcleo galáctico - um deles com 15.000 anos-luz de comprimento. Nuvens recém-descobertas co-alinhadas com os jactos também podem ser observadas no infravermelho longínquo. "A sensibilidade das observações do Herschel permite-nos não só ver o brilho da poeira dentro e em redor da galáxia, mas também a emissão de electrões nos jactos que espiralam em campos magnéticos a velocidades perto da velocidade da luz," explica Göran Pilbratt, cientista do projecto Herschel.
O observatório de raios-X XMM-Newton registou o brilho altamente energético de um dos jactos, que se prolonga por mais de 12.000 anos-luz a partir do brilho núcleo galáctico. A imagem em raios-X do XMM-Newton mostra não só o modo como o jacto interage com a matéria interestelar em volta, mas também o núcleo intensamente activo da galáxia e o seu enorme halo gasoso. "O XMM-Newton está bem adequado para detectar a emissão fraca de raios-X, muitas vezes permitindo-nos ver halos em torno de galáxias pela primeira vez," realça Norbert Schartel, cientista do projecto XMM-Newton. Os jactos observados por ambos os satélites são evidência do buraco negro supermassivo - com dez milhões de vezes a massa do nosso Sol - no centro da galáxia. Esta colaboração única, em conjunto com observações terrestres no visível, deram-nos uma nova perspectiva sobre o que se passa em objectos como Centauro A, com um buraco negro, formação estelar e a colisão de duas galáxias distintas.
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