O Legado da supernova SN 2011fe
A supernova SN 2011fe foi descoberta em 24 de agosto de 2011 por um grupo de astrônomos da Universidade CalTech. Durante observações rotineiras da galáxia M101, tiveram a felicidade de observar a supernova apenas algumas horas após a explosão. Para entendermos a importância da descoberta, precisaremos entender um pouco desses objetos exóticos.
As supernovas surgem da destruição repentina de estrelas. As supernovas são classificadas de diferentes maneiras, dependendo do tipo de estrela que as origina. Temos dois tipos principais: a supernova é originária da explosão de uma estrela pequena, chamada anã branca (Tipo I), ou é gerada a partir da explosão de uma estrela gigantesca com massa muitas vezes maior que a do nosso Sol (Tipo II). Existe ainda uma subclassificação em função da presença, ou não, de silício fazendo com que possamos ter tipos Ia ou Ib. A análise espectroscópica de SN 2011fe revelou tratar-se de uma supernova do Tipo Ia e, portanto, originária de uma anã branca. Uma estrela pequena como uma anã branca não seria capaz de virar uma supernova sozinha. É necessário um mecanismo externo influenciando-a. De fato, ela deve fazer parte de um sistema estelar binário e após receber suficiente massa de sua companheira e eventualmente atingir uma massa crítica de 1,4 massas solares (chamada limite de Chandrasekhar), ela não consegue mais suportar sua própria gravidade e colapsa. Como resultado do colapso, uma repentina e violenta queima termonuclear ocorre em seu interior e ela explode. A explosão em si é o que chamamos supernova e pode ser tão energética quanto o brilho de todas as estrelas da galáxia reunidas. Isso faz com que possam ser facilmente observadas, mesmo nas galáxias mais distantes. A descoberta praticamente no início do processo torna a descoberta particularmente importante: será possível observar detalhes da evolução de uma supernova de uma maneira inédita, uma vez que não sabemos quando uma estrela irá explodir de maneira a apontar o telescópio com antecedência. Existe ainda um outro aspecto igualmente importante. Todas as supernovas do tipo Ia apresentam a mesma quantidade de luz ao atingir o seu brilho máximo. Essa característica lhes confere a qualidade de serem verdadeiras réguas astronômicas. Ou seja, podem ser usadas para medir as distâncias das galáxias, mesmo as mais distantes. No caso de M101, a distância já é bem conhecida, mas a SN 2011fe deixará como legado, o aperfeiçoamento da técnica de determinação de distâncias no Universo.
Créditos: Paulo César R. Pereira – Astrônomo da Fundação Planetáriohttp://www.planetariodorio.com.br
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