Pesquisa Mostra Existência de Carbono Reduzido em Marte

Amostra de uma rocha marciana oriunda da queda do meteorito Tissint, que caíu no deserto marroquino em Julho de 2011.Crédito: Darryl Pitt/Colecção Macovich
Estudos financiados pela NASA sobre meteoritos de Marte que aterraram na Terra mostram fortes evidências de muitas moléculas contendo carbono, um ingrediente-chave para os blocos de construção da vida, e que podem originar no Planeta Vermelho. Estas macromoléculas não têm origem biológica, mas são indicadores de química complexa envolvendo carbono que teve lugar em Marte. Os cientistas do Instituto Carnegie para a Ciência em Washington, EUA, que descobriram as moléculas de carbono reduzido, têm agora melhores conhecimentos acerca dos processos químicos em Marte. O carbono reduzido é carbono ligado a hidrogénio ou a ele próprio. As suas descobertas também podem ajudar pesquisas futuras de evidências de vida no Planeta Vermelho. Os achados foram publicados ontem na edição online da revista Science Express. "Estes achados mostram que o armazenamento de moléculas de carbono reduzido em Marte ocorreu ao longo da história do planeta e pode ter sido parecido com os processos que tiveram lugar no passado da Terra," afirma Andrew Steele, autor principal do artigo e cientista de Carnegie. "A compreensão da génese destas macromoléculas que contêm carbono não-biológico em Marte é crucial para o desenvolvimento de missões futuras e para detectar evidências de vida no nosso planeta vizinho."

Acredita-se que esta rocha com 4,5 mil milhões de anos, denominada ALH84001, tenha vindo de Marte.Crédito: NASA/JSC/Universidade Stanford

A descoberta de moléculas que contêm grandes cadeias de carbono e hidrogénio tem sido um objectivo das missões marcianas passadas e presentes. Estas moléculas já foram descobertas em meteoritos de Marte, mas os cientistas discordavam sobre o modo como o carbono aí presente tinha sido formado ou se tinha vindo de Marte. Esta nova informação prova que Marte pode produzir carbono orgânico. "Embora este estudo não tenha concebido evidências de que Marte tem ou já teve suporte para a vida, responde a algumas importantes questões acerca das fontes do carbono orgânico em Marte," afirma Mary Voytek, directora do Programa de Astrobiologia da NASA na sede da agência em Washington. "Com a aterragem do rover Curiosity prevista para Agosto, estes novos resultados podem ajudar os cientistas da missão a optimizar as suas investigações na superfície do planeta ao compreender onde o carbono orgânico pode ser avistado e como é preservado." Os cientistas teorizaram que as grandes macromoléculas de carbono detectadas nos meteoritos marcianos podem ter surgido por contaminação terrestre da Terra ou de outros meteoritos, ou de reacções químicas ou actividade biológica em Marte. A equipa de Steele examinou amostras de 11 meteoritos marcianos oriundos de um período que compreende cerca de 4,2 mil milhões de anos de história marciana. Detectaram grandes compostos de carbono em dez deles. As moléculas foram descobertas dentro de grãos de minerais cristalizados.

Usando uma rede de sofisticadas técnicas de pesquisa, a equipa foi capaz de mostrar que pelo menos algumas das macromoléculas de carbono são indígenas dos próprios meteoritos e não contaminação da Terra. Seguidamente, a equipa estudou as moléculas de carbono em relação a outros minerais nos meteoritos para ver por que tipos de processos químicos estas amostras passaram antes de chegar à Terra. Os grãos cristalinos que contêm os compostos de carbono providenciam um olhar para como as moléculas foram criadas. Os seus dados indicam que o carbono foi criado por actividade vulcânica em Marte e mostram que Marte tem tido química orgânica ao longo da maioria da sua história. Num artigo separado publicado pela revista American Mineralogist, Steele e a sua equipa detalham os seus achados sobre o mesmo meteorito anunciado em 1996 que continha possíveis -- mas subsequentemente refutadas -- relíquias de antigas formas de vida em Marte. Com o nome de ALH84001, descobriu-se que o meteorito contém também macromoléculas orgânicas de origem não-biológica. A equipa de Steele indica que Marte tem reservas de carbono reduzido. Os seus achados vão ajudar os cientistas envolvidos em missões presentes e futuras a distinguir as moléculas de carbono formadas não-biologicamente das de origem biológica.
Fonte: http://www.ccvalg.pt/astronomia

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