Cassini avista mini-rio em lua de Saturno



Cientistas da missão Cassini da NASA/ESA avistaram o que parece ser um gémeo extraterrestre e em miniatura do Rio Nilo da Terra: um rio num vale da lua de Saturno, Titã, que se estende por mais de 400 quilómetros, desde a sua "cabeceira" até um grande mar. É a primeira vez que imagens revelam um sistema de rios tão vasto e em resolução tão alta noutro local que não na Terra. Os cientistas deduzem que o rio, situado na região polar norte de Titã, contém hidrocarbonetos líquidos porque aparece escuro ao longo de toda a sua extensão na imagem de radar em alta-resolução, indicando uma superfície lisa.

imagem obtida pela sonda Cassini mostra um vasto sistema de rios na lua de Saturno, Titã. Crédito: NASA/JPL-Caltech

"Embora existam alguns meandros curtos e locais, a linearidade relativa do vale do rio sugere que segue o rastro de pelo menos uma falha, semelhante a outros grandes rios que correm para a margem sul do mesmo mar em Titã," afirma Jani Radebaugh, associado da equipa de radar da Cassini da Universidade de Brigham Young, em Provo, no estado americano do Utah. "Estas falhas - fracturas na rocha de Titã, podem não indicar placas tectónicas, como na Terra, mas mesmo assim levar à abertura de bacias e, talvez, à formação dos próprios mares gigantes."

Titã é o único mundo, além da Terra, que sabemos ter líquido estável à sua superfície. Enquanto o ciclo hidrológico da Terra depende da água, o ciclo equivalente em Titã envolve hidrocarbonetos como o etano e o metano. Nas regiões equatoriais de Titã, as imagens no visível obtidas pelas câmaras da Cassini no final de 2010 revelaram regiões que escureceram devido a chuvas recentes. O espectrómetro visual e infravermelho da Cassini confirmou etano líquido num lago no hemisfério sul de Titã conhecido como Ontario Lacus em 2008.

"Titã é o único lugar que encontrámos, além da Terra, que tem líquido em contínuo movimento à sua superfície," afirma Steve Wall, da vice-líder da equipa de radar, do JPL da NASA em Pasadena, Califórnia. "Esta imagem mostra-nos um cenário de um mundo em movimento. A chuva cai, e os rios movem essa chuva para lagos e mares, onde a evaporação recomeça novamente o ciclo. Na Terra, o líquido é a água; em Titã, é o metano; mas em ambos afecta quase tudo o que acontece. A imagem de radar foi obtida a 26 de Setembro de 2012. Mostra a região polar norte de Titã, onde o vale do rio corre para o mar chamado Ligeia Mare, um mar, termos de tamanho, entre o Mar Cáspio e o Mar Mediterrâneo. O verdadeiro Rio Nilo tem cerca de 6700 km. Os processos que levam à formação do Rio Nilo na Terra são complexos, mas envolvem falhas em algumas regiões.
Fonte: Astronomia On-Line

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