Lançando nova luz sobre os objetos mais brilhantes do Universo
Impressão de artista de ULAS J1120+0641, um quasar alimentado por um buraco negro com uma massa de 2 mil milhões de Sóis.Crédito: ESO/M. Kornmesser
Os quasares estão entre os
objectos mais brilhantes, mais antigos, mais distantes e mais poderosos do
Universo. Alimentados por buracos negros supermassivos no centro de galáxias
gigantescas, os quasares podem emitir enormes quantidades de energia, até mil
vezes a produção total das centenas de milhares de milhões de estrelas de toda
a nossa Via Láctea.
Astrofísicos da Universidade
de Dartmouth, no estado americano de New Hampshire, escreveram um artigo que
será publicado na revista The Astrophysical Journal, que relata descobertas
baseadas em observações de 10 quasares. Eles documentaram o imenso poder da
radiação quasar, que se estende por muitos milhares de anos-luz, até aos
limites da galáxia do quasar.
"Pela primeira vez,
somos capazes de ver a real extensão em que estes quasares e os seus buracos
negros podem afectar as suas galáxias, e vemos que é apenas limitada pela
quantidade de gás na galáxia," afirma Kevin Hainline, associado pós-doutorado
de pesquisa em Dartmouth. "A radiação excita o gás por todo o percurso até
às margens da galáxia e só pára quando já não existe mais gás."
A radiação libertada por um
quasar cobre todo o espectro electromagnético, desde ondas de rádio até
micro-ondas a baixas frequências, passando por infravermelho, ultravioleta,
raios-X, até raios gama de alta frequência. Um buraco negro central, também
chamado núcleo galáctico activo, pode crescer ao engolir material do gás
interestelar circundante, libertando energia no processo.
Isto leva à criação do
quasar, que emite radiação que ilumina o gás presente em toda a galáxia. Se
pegarmos nesta poderosa e brilhante fonte de radiação no centro da galáxia e
detonarmos o gás com a sua radiação, ele é excitado da mesma forma que o néon
nas lâmpadas, produzindo luz," afirma Ryan Hickox, professor assistente do
Departamento de Física e Astronomia em Dartmouth.
"O gás vai emitir
frequências muito específicas de luz que só um quasar pode produzir. Esta luz
funciona como um rasto que fomos capazes de usar para seguir o gás excitado
pelo buraco negro até grandes distâncias. Os quasares são pequenos em
comparação com uma galáxia, como um grão de areia numa praia, mas o poder da
sua radiação pode estender-se até aos limites galácticos e além.
A iluminação do gás pode ter
um efeito profundo, já que o gás que é iluminado e aquecido pelo quasar é menos
capaz de entrar em colapso sob a sua própria gravidade e formar novas estrelas.
Assim, o minúsculo buraco negro central e o seu quasar podem retardar a
formação estelar em toda a galáxia e influenciar a forma como esta cresce e
muda ao longo do tempo.
"Isto é emocionante porque sabemos, a partir de um número de argumentos diferentes e independentes, que estes quasares têm um efeito profundo nas galáxias onde vivem," afirma Hickox. "Existe muita controvérsia sobre o modo como realmente influenciam a galáxia, mas agora temos um aspecto da interacção que se pode alargar à escala de toda a galáxia. Ninguém tinha visto isso antes.
Hickox, Hainline e
co-autores basearam as suas conclusões em observações feitas com o SALT
(Southern African Large Telescope), o maior telescópio óptico do Hemisfério
Sul. As observações foram realizadas usando espectroscopia, na qual a luz é
dividida nos comprimentos de onda que a compõem.
"Para este tipo
particular de experiência, está entre os melhores telescópios do mundo,"
afirma Hickox. Também usaram dados do telescópio espacial WISE (Wide-field
Infrared Survey Explorer) da NASA, que fotografou todo o céu no infravermelho.
Os cientistas usaram observações no infravermelho porque dão uma medida
particularmente fiável da produção total de energia do quasar.
Fonte: Astronomia On-Line
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